Sábado, 6 de junho de 2009 - 08h30
Roberta Lopes*
Organizações não governamentais divulgaram hoje (5) a lista dos parlamentares amigos e inimigos da Amazônia. A lista que tem sua primeira edição neste ano foi organizada pelo Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que reúne mais de 600 entidades.
Segundo coordenador de políticas públicas do Instituto Socioambiental (ISA), Raul do Valle, a lista é para conscientizar o sociedade sobre quem são os parlamentares que atuam em defesa do meio ambiente. É uma forma de dar subsídio para que os cidadãos saibam quem está atuando em defesa ou contra a Amazônia e para mostrar aos parlamentares que a sociedade está atenta e para que eles possam refletir sobre o que estão fazendo de bom ou de ruim, explicou.
A lista foi dividida em duas categorias: amigos e inimigos da Amazônia. Nestas categorias, há duas subcategorias: "espécies nativas" (parlamentares da região amazônica) e "exóticas" (aqueles de estados que não fazem parte da região amazônica).
Entre os amigos, as "espécies nativas" são a senadora Marina Silva (PT-AC), o senador Jose Nery (PSOL-PA) e o deputado Sarney Filho (PV-MA). No grupo de amigos e exóticos, estão os senadores Aloísio mercadante (PT-SP), Cristovam Buarque (PDT-DF), Renato Casagrande (PSB-ES) e deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Valle explicou que a lista avalia o conjunto da obra de cada parlamentar, seja um projeto de lei ou uma ação pública defendendo ou prejudicando o meio ambiente. Segundo ele, um dos pontos que pesou na escolha dos deputados foi a votação da Medida Provisória 458, que regulamenta a questão fundiária na amazônia. Valle disse que essa medida, na verdade, regulamenta a grilagem de terra na Amazônia.
A proposta de legalizar terras para pessoas jurídicas, ocupantes indiretos, ou seja, pessoas que moram em São Paulo ou no Rio Grande do Sul e mantém prepostos, empregados ou capangas na terra. Eles vão conseguir terras públicas. Entendemos que essa medida vai contra os princípios de democratização do acesso à terra e de combate ao desmatamento ilegal, disse.
A lista dos inimigos incluiu, entre outros parlamentares, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) e os deputados Asbrubal Bentes (PMDB-PA) e Valdir Colato (PMDB-SC).
O deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) afirmou que as entidades responsáveis pelo prêmio não tem legitimidade para dizer quem é amigo ou inimigo da floresta. Eu sou um amazônida, nascido e criado na região, ao contrário dessas entidades, que não têm autoridade nem legitimidade. Quem tem que dizer isso é o povo da Amazônia, rebateu.
Em relação à Medida Provisória 458, relatada por ele na Câmara e aprovada ontem (4) no Senado, e que segundo as entidades justifica a entrega do prêmio ao deputado, Bentes afirmou que as entidades desconhecem o texto ou agiram de má-fé na interpretação. Com a MP, o governo vai tirar da ilegalidade 1,5 milhão de pessoas que vivem na Amazônia, argumentou.
Outro inimigo da Amazônia, na avaliação das ONGs, o deputado Valdir Collato, disse que desconhece a premiação e as entidades que organizaram o ato. Essas pessoas não tem mandato nem representação legal para falar em nome de ninguém, respondeu.
Colatto acusou as ONGs de agir contra parlamentares para ganhar espaço na mídia e afirmou que os maiores desmatadores da Amazônia são militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).
Esse pessoal de ONG têm que ir em uma fazenda minha em Vilhena (RO), onde durante 30 anos eu preservei, não cortei uma árvore e depois o MST chegou lá e derrubou tudo. Eu fiz até um dossiê sobre isso e mostrei para oMinc [Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente], esse falastrão, e ele não fez nada com esses que são os verdadeiros desmatadores da Amazônia, relatou.
O coordenador de políticas públicas do ISA afirmou ainda que o prêmio Amigos e Inimigos da Amazônia será entregue em uma cerimônia para cada um dos parlamentares que fazem parte da lista. A data ainda não foi definida.
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