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Meio Ambiente

ONU acompanha conflito em área indígena da Amazônia



Retirada dos arrozeiros da reserva pela Polícia Federal deixou o clima tenso na região.

RAY CUNHA
raycunha@agenciaamazonia.com.
 
BRASÍLIA — O estado de Roraima, o mais setentrional do país, aguarda, tenso, o desfecho do conflito entre agricultores e a Polícia Federal, na reserva indígena Raposa Serra do Sol, à noroeste de Roraima, na fronteira contestada entre a Venezuela e a Guiana. O solo roraimense guarda inestimável província mineral, em terras indígenas.

Veja-se o caso da reserva Ianomâmi, a noroeste do estado, que envolve, também, segurança nacional, pois essa reserva indígena guarda fabulosos veios de nióbio, ouro, diamantes e outros metais. Daí que há forte pressão da Inglaterra na ONU (Organização das Nações Unidas) para a criação de um país Ianomami.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já bateu o martelo: quer os arrozeiros fora da Raposa Serra do Sol, a área contínua de 1,67 milhão de hectares, habitada por cerca de 20 mil índios, a maioria Macuxi, e Tauarepang, Patamona, Ingarikó e Wapixana, em 152 aldeias. O governo não recuará da decisão de retirar os rizicultores da reserva, homologada por Lula, em 15 de abril de 2005. Os agricultores, com apoio inclusive de índios, estão prontos para uma guerra de guerrilha.

O Exército acompanha o caso de longe. As Forças Armadas nunca viram com bons olhos reservas indígenas em área de fronteira, uma invenção brasileira. Roraima, que mede 224.298 quilômetros quadrados, faz 1.922 quilômetros de fronteira com Venezuela e Guiana, ex-inglesa.

Os agricultores invadiram a Raposa Serra do Sol na década de 1970. Hoje, sete rizicultores ocupam 18 mil hectares. Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), 67 ocupantes ilegais em áreas rurais e 700 instalaram-se em quatro vilas de Uiramutã, Água Fria, Socó e Mutum, bases de antigos garimpos.

O líder dos arrozeiro, Paulo César Quartiero, prefeito de Pacaraima e presidente da Associação dos Rizicultores de Roraima, foi preso segunda-feira 31, na vila Surumú, na Raposa Serra do Sol, onde a Polícia Federal executa a Operação Upatakon III, para retirada dos não-índios da reserva; foi preso sob a acusação de desacato à autoridade, desobediência, obstrução de rodovia federal e incitação à desordem pública, mas já foi solto.

ONU, OEA (Organização dos Estados Americanos) e a Advocacia Geral da União cobram do governo brasileiro a liberação da Raposa Serra do Sol já. Quanto aos índios, sabe-se que milhares deles estão armados de flechas, lanças e bordunas, prontos para expulsar por conta própria os não-indígenas, e os arrozeiros estão armados até os dentes.

A questão ianomami

A noroeste de Roraima e ao norte do Amazonas, na fronteira com a Venezuela, vivem os ianomâmis, cerca de 15 mil em 255 aldeias. Em Roraima, estão situados 197 aldeias e 9.506 índios; no Amazonas, há 58 aldeias e 6.510 índios, segundo dados de setembro de 2006, da Fundação Nacional de Saúde. Na Venezuela, somam cerca de 12 mil.

No Brasil, os ianomâmis ocupam uma área contínua de 9.419.108 hectares – três Bélgica. De 1987 a 1992, garimpeiros invadiram a reserva. Estima-se que foram mortos, então, 1.500 índios. A terra Ianomâmi foi homologada pelo presidente Fernando Collor, em 25 de maio de 1992. Os militares nunca engoliram isso. O Pico da Neblina, o mais alto do Brasil, está localizado em terra Ianomâmi, na fronteira do Brasil com a Venezuela. Essa área é rica em ouro, cassiterita e tantalita, atraindo garimpeiros, desde a década de 1980.

No lado venezuelano, os ianomâmis ganharam 8,3 milhões de hectares, de modo que a superfície ocupada continuamente pelos ianomâmis é de 17,7 milhões de hectares, recebendo a denominação oficial de Terra Indígena Ianomâmi – o passo básico para o surgimento de mais um país, certamente apoiado por Inglaterra e Estados Unidos.

“A nação Ianomâmi é absolutamente forjada. São quatro grupos distintos, lingüisticamente, etnicamente e, por vezes, hostis entre eles. A criação dos ianomâmis foi uma manobra muito bem conduzida pela WWF com a criação do Parque Ianomâmi para, certamente, criar uma nação que se separe do Brasil. O Parque Ianomâmi é uma região do tamanho de Portugal, ou de Santa Catarina, onde, segundo afirmação da Funai, há 10 mil índios. A Força Aérea, que andou levando o pessoal para vacinação, viu que os índios não passam de 3 mil. Ainda que fossem 10 mil, há motivo para se deixar a área mais rica do país virtualmente interditada ao Brasil? O esforço deveria ser no sentido de integrá-los na comunidade nacional. Nenhuma epidemia vai deixar de atingir índios isolados. A única salvação, nesse caso, é a ciência médica.” – disse o coronel do Exército Gélio Fregapani, da comunidade de inteligência.

“A área ianomâmi é imensa e riquíssima, está na fronteira e há outra área ianomâmi, similar, no lado da Venezuela. Então, está tudo pronto para a criação de uma nação. Um desses pretensos líderes, orientado naturalmente pelos falsos missionários americanos, Davi Ianomâmi, já andou pedindo na ONU uma nação, e a ONU andou fazendo uma declaração de que os índios podem ter a nação que quiserem. No discurso de Davi, ele teria dito que querem proteção contra os colonos brasileiros, que os querem exterminar” – adverte Fregapani, autor de “A grande cobiça internacional”.

O Brasil tem cerca de 600 terras indígenas, que abrigam 227 povos, aproximadamente 480 mil índios. São 13% do território nacional, ou 109,6 milhões de hectares, a maior parte - 108 milhões de hectares - na Amazônia Legal – Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Cerca de 27% da Amazônia são terras indígenas, nas quais os índios morrem silenciosamente, muitos, de fome, e agora, também, de Aids.

Nos bastidores das terras indígenas na fronteira, a Inglaterra se move sub-repticiamente. Se hoje os ingleses não são mais os imperadores e colonizadores do mundo, continuam dando as cartas no mercado de metais. Foi assim na África; é assim na Amazônia.

Fonte: Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião

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