Segunda-feira, 10 de junho de 2024 - 10h25
Duas novas espécies de abelhas sem
ferrão foram descobertas pelo servidor técnico e pesquisador Cristiano Feitosa
Ribeiro, do Campus de Presidente Médici da Universidade Federal de Rondônia
(UNIR), juntamente com os pesquisadores David Silva Nogueira (Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas), Favízia Freitas de Oliveira
(Universidade Federal da Bahia) e Marcio Luiz de Oliveira (Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia).
A descoberta foi anunciada no artigo
“Duas novas espécies de Trigona Jurine, 1807 com chave ilustrada para as
espécies ocorrentes no Brasil (Hymenoptera: Apidae: Meliponini)”, publicado na
revista Zootaxa (acesse aqui). No artigo são
apresentadas as duas novas espécies de Trigona Jurine, 1807, além
de uma chave ilustrada para as espécies encontradas no Brasil.
As novas espécies foram identificadas
durante o projeto de pesquisa de mestrado de Cristiano, realizado entre 2019 e
2021 no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), e uma delas
foi nomeada em homenagem ao estado de Rondônia, local onde foi encontrada a
abelha usada para a descrição: Trigona rondoniensis. O exemplar
usado para descrever a espécie foi coletado em um fragmento florestal no
município de Ouro Preto do Oeste.
“Realizamos um estudo taxonômico das
espécies de Trigona, um dos gêneros mais ricos em espécies de
abelhas ‘sem-ferrão’ na região Neotropical, que possuíam registros de
ocorrência na Amazônia brasileira. Por meio da análise de características
morfológicas, nossos objetivos foram a redescrição das espécies que possuíam
dados insuficientes para sua identificação correta, assim como a descrição de
novas espécies que foram encontradas, além de fornecer registros geográficos e
mapas de distribuição atualizados das espécies e elaborar uma chave de
identificação das que ocorrem no Brasil”, descreveu Cristiano.
O pesquisador acrescenta que “mesmo que nosso estudo aborde principalmente questões relacionadas à taxonomia do gênero, nossa descoberta mostra a importância da conservação dos fragmentos florestais remanescentes no estado de Rondônia, pois eles podem ainda abrigar uma riqueza biológica valiosa, por vezes desconhecida pela ciência”.
Métodos de pesquisa - Foram examinados mais de 8.000 espécimes de Trigona que estavam depositados principalmente na Coleção de Invertebrados do Inpa, a maior parte desse material era oriundo da Amazônia brasileira. Com a análise de todo esse material, a equipe de pesquisadores descobriu cinco novas espécies em Trigona, três foram publicadas em 2023 no artigo intitulado “Review of Trigona (Nostotrigona) Engel, 2021 from Brazil with description of three new species (Hymenoptera: Apidae: Meliponini)”. As outras duas espécies novas foram publicadas recentemente, sendo elas a Trigona almeidae e Trigona rondoniensis.
Trigona é um dos gêneros com maior número de espécies de abelhas “sem-ferrão”, porém até a publicação do último artigo, não existiam chaves taxonômicas que contemplassem todas as espécies de Trigona que ocorrem no Brasil. "A chave taxonômica proposta por nós vem para suprir essa lacuna do conhecimento científico, e foi elaborada utilizando características morfológicas próprias das espécies, com ilustrações e fotos que auxiliam sua utilização. Nela contém um passo-a-passo com base nas características comparativas entre os espécimes para se chegar ao resultado da identificação, ou seja, ao próprio nome da espécie”, comentou Cristiano.
Com a publicação, Trigona agora contém 37 espécies válidas, sendo 27 com registros de ocorrência para o Brasil, consolidando como um dos maiores gêneros de abelhas “sem-ferrão”. “Para nós, que pesquisamos e amamos as abelhas, é muito gratificante poder contribuir de alguma forma para alavancar o conhecimento sobre esses insetos tão importantes para a natureza e para os seres humanos, visto que vários alimentos presentes em nossas mesas dependem da polinização realizada pelas abelhas”, disse o pesquisador.
Novas expectativas – O pesquisador afirma que pretende continuar estudando esse gênero e abordar futuramente questões taxonômicas que ainda não foram completamente entendidas pela ciência. “Estamos também estruturando um Meliponário (local para criação de abelhas “sem-ferrão”) no Campus UNIR de Presidente Médici, estabelecendo parcerias com criadores de abelhas “sem-ferrão” e esperamos contribuir para o desenvolvimento da meliponicultura no estado de Rondônia”, concluiu Cristiano.
Sobre o pesquisador – Cristiano Feitosa é bacharel em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná (Ceulji/Ulbra), mestre em Ciências Biológicas (Entomologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). É servidor da UNIR, no cargo de Técnico em Agropecuária. Tem experiência com levantamento faunístico de abelhas Euglossini e atualmente pesquisa taxonomia de abelhas sem-ferrão na Amazônia.
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