Sexta-feira, 21 de março de 2008 - 18h33
Os moradores do município de São Domingos do Capim, na região nordeste do Pará, sempre conviveram com o fenômeno da Pororoca. Para a maioria dos nativos o fato está envolto em mistério e faz parte do universo das lendas da Amazônia. Organizado pelos governos estadual e municipal, o evento esportivo Surfe na Pororoca, realizado há oito anos, propicia o aquecimento da economia local, gerando desenvolvimento para a cidade e seus habitantes.
Na perspectiva dos habitantes, os turistas e os surfistas que se dirigem nessa época do ano a São Domingos do Capim, são bem-vindos. Por isso, sugerem os moradores, a organização do evento deve continuar e melhorar sempre. Os habitantes chamam a atenção para que se mantenha o calendário do Surfe na Pororoca na época apropriada, respeitando sempre os conhecimentos dos nativos sobre o fenômeno.
Os ribeirinhos Bonifácio Lopes Soares, 43 anos, Benedito dos Reis, 55, e José Roberto Menezes de Araújo, 37 anos, moradores do vizinho município de São Miguel do Guamá e das margens do rio Capim, falam com orgulho do evento esportivo que promove o município de São Domingos e do fenômeno conhecido por todos desde a infância.
Eles garantem que a chegada dos turistas faz aumentar o consumo do açaí, fruto produzido nas margens dos rios e vendido em latas nas feiras e em outros pequenos estabelecimentos comerciais espalhados pela cidade.
Residente no sítio Curuperé, às margens do rio Guamá, no município de São Miguel, o pequeno agricultor Bonifácio Soares, por exemplo, vende sua produção no mercado de São Domingos, que fica mais próximo.
Ele disse que neste período de entressafra do açaí a lata custa entre R$ 35 e R$ 40. Na safra, com maior oferta, segundo o ribeirinho, a lata chega a custar R$ 4. O litro também sobe de preço nesse período: o chamado açaí fino, mais barato, custa R$ 5; e o grosso, mais caro, sai por R$ 7. Além do açaí, os ribeirinhos inundam o mercado de mandioca, banana, cacau, pupunha, castanha do Pará e farinha.
Os nativos também pescam tucunaré, filhote e pescada branca. A farinha que eles desembarcam no mercado municipal é embalada em sacos plásticos pelos irmãos Josivaldo de Almeida Reis, 21, e Robson Souza dos Reis, 27.
Respeito - Bonifácio conta que, há 13 anos, a grande onda quase o matou e também a seu compadre, João Nogueira. Estavam os dois pescadores em frente ao igarapé Tauari, que desemboca no rio Capim. Ao sair do Capim, para entrar no igarapé Tauari, a pororoca bateu de frente com o barco. O medo dos pescadores era maior por conta da possibilidade de perder a embarcação, que não era deles.
Ao segurar o barco para que não fosse levado pelas ondas, os dois lembram: quase perderam a vida.
Para eles, a redução que vem ocorrendo no tamanho das ondas tem a ver com o fato de os "pretinhos" (botos) estarem perdendo o vigor da juventude. “Os pretinhos estão ficando velhinhos e não têm mais a potência que tinham antes. Eram três, mas um já morreu. Temos esperança de que tenham reproduzido, para que a pororoca continue”, argumentam.
A pororoca sempre foi respeitada pelos pescadores. Afinal, dizem, “o banzeiro é grande”. Segundo eles, antes o fenômeno batia na porta da igreja de São Domingos de Gusmão, na avenida Lauro Sodré, na orla do rio Capim.
Os três testemunham que a pororoca quando é grande o banzeiro é tão forte que os ribeirinhos têm de guardar os barcos ou no fundo do rio ou em igarapés escondidos, para que não sejam levados pela pororoca “Se ela pegar, adeus: leva tudo que encontra no caminho. As montarias pequenas têm de ficar protegidas em cima dos barrancos. O que tiver na água a pororoca leva, derruba tudo”, concordam os três.
Mistérios das lendas da Amazônia
Contada pelo funcionário público aposentado Pedro Corrêa Sodré, 78 anos, a lenda diz que, há muito tempo, bem antes do Descobrimento do Brasil, existia neste local uma tribo de índios famosa. Era liderada por Pirajauara, o cacique pescador, também famoso e que gostava de viver nas margens dos rios. O cacique tinha uma filha, muito bonita, de olhos negros, cabelos igualmente negros e compridos.
A moça também gostava de estar nas margens dos rios, para apreciar as marés e passear nas praias. Certa vez, em noite de lua cheia, quando caminhava pela praias, de repente, do fundo das águas surgiu um vulto e, em seguida, uma pessoa vestida de branco.
No início, a índia sentiu medo.
- Não tenha medo: eu não vou te farei mal", diz o estranho, ao sair da água.
Era um boto, que se transformou em ser humano e passou a conversar com a filha do cacique Pirajauara.
E desde aquela noite, durante várias outras luas seguidas, o boto voltava para conversar com a filha do cacique.
Os dois começaram a namorar. Quando a índia percebeu, estava grávida. Após nove meses, ela deu à luz não "a três humanos, mas a três botinhos", descreve Pedro, com singeleza.
Muito triste ao perceber que não poderia criá-los, a índia decidiu que iria devolvê-los às águas: foi até a margem do rio e lá soltou os recém-nascidos.
Os três filhotes de peixe nadam alegres e, rapidamente deixam o local. Com o passar dos anos, os botos se tornam adultos e sentem saudades da mãe, que morava na superfície.
Os três conversaram e decidiram:
– "Vamos ver a nossa mãe!"
E saem em disparada ao encontro com a mãe, nadando com vigor e alegremente, fazendo aquela onda imensa, que atinge as margens, derruba árvores e joga embarcações para o fundo das águas. Os três botos só se acalmam quando encontram a mãe. Essa é a lenda da pororoca.
Fonte: Lázaro Araújo - Secom/PA
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