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Meio Ambiente

Produção de carne bovina orgânica



Para se comercializar a carne bovina orgânica ou seus derivados sob selo orgânico, os mesmos devem ser produzidos em unidades de produção orgânica, seguindo rigorosamente todas as normas técnicas determinadas por uma empresa de certificação credenciada junto ao Poder Público. Além disso, o sistema de produção de carne orgânica deve estar inserido em uma filosofia holística que, além da produção de carne, se preocupe com os aspectos sociais e ambientais envolvidos. Um exemplo de norma fora do estrito contexto da produção é a exigência que todas as crianças da fazenda estejam freqüentando a escola.

O manejo orgânico visa o desenvolvimento econômico e produtivo que não polua, não degrade e nem destrua o meio ambiente e que, ao mesmo tempo, valorize o homem como o principal integrante do processo. A filosofia da produção orgânica é fornecer condições que cumpram as necessidades em saúde e comportamento natural dos animais. Portanto, a criação orgânica prioriza acesso ao campo livre, ar fresco, água, sol, grama e pasto e alimentação orgânica 100%. Os abrigos fornecidos devem ser designados para permitir o conforto do animal e oportunidade para exercícios. 

Empecilhos ao consumo de orgânicos

Os preços, geralmente um pouco mais altos do que os convencionais, são tidos como empecilho para que boa parte da população tenha acesso a essa alternativa saudável. De acordo com os entendidos, os preços só devem diminuir quando a produção e o consumo aumentarem, mas já existem pesquisas mostrando que sete em cada dez pessoas pagariam até 30% a mais por produtos sem aditivos químicos, desde que não houvesse dúvidas sobre sua procedência (pesquisa do Instituto Gallup).

Embora o preço da carne orgânica seja quase o dobro da convencional, o mérito da questão é que ao comprar a orgânica ajuda-se os fazendeiros menores e o meio-ambiente, e também se encoraja o tratamento humanitário aos animais. Uma maneira de ponderar sobre isto, é não somente considerar os efeitos imediatos do suporte aos fazendeiros, mas os efeitos a longo termo na saúde e meio-ambiente. E em termos econômicos, se a demanda por produtos orgânicos crescer, eventualmente chegará a um ponto onde o suprimento irá de encontro à demanda e o preço atingirá níveis mais confortáveis e mais suportáveis. Assim, da próxima vez que estive na banca do açougue, pondere sobre todos os fatores que impulsionam a sua compra, além do sabor e preço.



Os padrões orgânicos requerem acompanhamento da produção e dos sistemas de manipulação. Por exemplo, as operações de produção e manipulação devem ser efetuadas sob inspeção e terem planejamento operacional ou agrícola a fim de serem certificadas como orgânicas. Os padrões também especificam as necessidades em alimentação, inclusive o que é ou não permitido.

As empresas certificadoras podem realizar quantas visitas forem necessárias, no mínimo uma por ano, para manter atualizadas as informações sobre os produtos certificados. No Brasil, os principais órgãos certificadores são o Instituto Biodinâmico (IBD), credenciado pela IFOAM e tem seu selo aceito em mercados internacionais e a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), que tem seu selo aceito apenas no mercado nacional.

Na produção orgânica, a criação não pode ser alimentada em recipientes plásticos ou com fórmulas contendo uréia ou adubo. Aos animais não podem ser dados antibióticos ou hormônios de crescimento. Para um animal crescer sob normas orgânicas, sua mãe deve ter sido alimentada com ração orgânica pelo menos no último terço de gestação. O controle é rígido e os animais são identificados por meio de uma ficha que contém o peso, alimentação e calendário de vacinas.

Em operações de processamento, na manipulação simultânea de produtos cárneos orgânicos e não-orgânicos, os processadores devem separar a manipulação de ambos. Há também agentes de limpeza específicos permitidos e proibidos em tais operações.

Rastreabilidade

A certificação orgânica de acordo com as normas internacionais é necessária para a fazenda e as facilidades em processamento e manipulação antes da liberação aos mercados de retalho. Como os fazendeiros e manipuladores devem manter registros extensivos em sua fazenda, assim como planos de manipulação a fim de serem certificados como orgânicos, o sistema de produção orgânica oferece rastreabilidade do animal desde o nascimento até a comercialização da carne resultante. Por este motivo, quando se adquire carne orgânica, há garantia de rastreabilidade.

Comércio de carne orgânica

Sob os padrões de carne orgânica, quando comercializada sob esta tutela, a carne já é por si própria 100% orgânica. Se um consumidor adquirir hambúrguer orgânico, por exemplo, significa que toda a carne foi produzida organicamente.

Diferença entre gado orgânico e gado verde

A aquisição de produtos orgânicos se tornou o mantra da comunidade eco-consciente. Os produtos orgânicos são produzidos naturalmente, mas são rotulados como “orgânicos” e não “naturais”. O produto deve ser certificado por órgão competente para ser considerado como tal.

Para a criação, o uso de hormônios de crescimento e antibióticos é proibido e os animais são alimentados organicamente e geralmente vivem em meio-ambiente natural e com espaço para pastar. Já para os alimentos “naturais” não há padrões definidos. Também não há definição legal para alimentos naturais, mas presume-se que estes alimentos passem por processamento mínimo e de que são livres de conservantes.

O emprego de aditivos tóxicos para elevar a produtividade das lavouras é muito antigo. No ano 3000 A.C., manuscritos chineses já indicavam o uso de arsênico e de enxofre para matar pragas na lavoura. Entretanto, os agrotóxicos industriais somente começaram a ser utilizados durante a Segunda Guerra Mundial. De acordo com a maioria dos especialistas, a aplicação controlada de fertilizantes, defensivos agrícolas e outros produtos químicos não causa danos à saúde, não existindo pesquisas científicas conclusivas que atestem que a ingestão dessas substâncias em pequenas doses através dos alimentos, causem males à saúde.

O American Journal of Clinical Nutrition (julho, 2009) publicou a primeira revisão disponível, a respeito das diferenças nutricionais entre alimentos orgânicos e os tradicionais. Os autores não encontraram diferenças estatísticas no teor nutricional em 10 das 13 categorias em nutrientes, e nem notaram qualquer diferença a respeito do uso ou não de fertilizantes e amadurecimento na pós-colheita. As categorias de nutrientes verificadas incluíram: vitamina C (contradizendo algumas pesquisas anteriores que afirmavam que os alimentos orgânicos são mais nutritivos); magnésio; compostos fenólicos; potássio; cálcio; zinco; cobre; sólidos totais solúveis; gorduras (em animais somente); cinzas (em animais somente). As colheitas produzidas de maneira convencional tiveram um teor significativamente mais alto em nitrogênio, e a colheita de produção orgânica teve teor significativamente mais alto em fósforo e acidez titulável. Mas a margem de diferença nestas categorias foi declarada como não tendo relevância na saúde pública.

Além disso, muitas fazendas orgânicas alimentam o gado a pasto ao invés de grãos nos últimos cinco dias de vida, medida esta tomada a fim de reduzir a acidez estomacal do animal, local no qual a bactéria E. Coli pode sobreviver. As medidas que as indústrias tomaram nos anos recentes ajudaram a diminuir a incidência de contaminação por E. Coli em mais de 80%, e os estudos mostram que o tipo de alimentação fornecido ao gado afeta a presença de E. Coli.

Os autores também notaram que há muitos fatores determinantes da qualidade nutricional dos alimentos – sendo o método de produção um deles. Todos os produtos naturais variam na sua composição em nutrientes e outras substância nutricionais relevantes. Os diferentes cultivares da mesma colheita podem diferir na composição em nutrientes, e pode também variar dependendo do regime aplicado para fertilizantes e pesticidas, condições de crescimento, estação do ano, e outros fatores. A composição nutricional das criações de animais pode ser afetada igualmente por fatores como idade e raça do animal, regime alimentar e estação do ano. Esta variação inerente ao teor nutricional também pode ser afetada posteriormente, durante o armazenamento, transporte e preparo dos alimentos, antes de alcançarem o prato do consumidor.

Mesmo sabendo que a genética da planta, o clima, a irrigação e a época da colheita têm um impacto muito maior no conteúdo nutricional do que o tipo de fertilizante usado, natural ou artificial, existem estudos como o realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Botucatu, mostrando que cenouras cultivadas sem agrotóxicos têm maior durabilidade (tempo de conservação é maior) e apresentam maiores teores de vitamina A e betacaroteno.

É bom lembrar que as pessoas adquirem alimentos orgânicos por mais motivos que a simples percepção nutricional deles. O alimento orgânico cresce sem pesticidas, assim não se consome resíduos pesticidas (o estudo efetuado não incluíu análises dos resíduos pesticidas). Além disso, os fazendeiros e a vida selvagem circundante ficam protegidos de contaminação química. Os alimentos orgânicos são plantados de forma a dar suporte à saúde do solo, assim as fazendas são mais sustentáveis. Crescem sem introdução maciça de fertilizantes, derivados dos combustíveis fósseis ou minerais de minas, diminuindo assim o impacto ambiental. A criação desenvolvida organicamente não pode ser alimentada com grãos, nem com dosagens em antibióticos e hormônios de crescimento, e em geral os animais não são criados confinados.

No quadro abaixo, podemos avaliar as diferenças básicas entre um sistema e outro: 

Boi Orgânico 

Permitida somente a adubação verde;

Proibido o uso de uréia;

Suplementação exclusiva com alimentos de origem vegetal, dos quais 80% devem ser orgânicos;

Tratamento veterinário restrito a produtos fitoterápicose homeopáticos

Proibido o uso do fogo para manejar pastagens;

Transferência de embriões proibida;

Vacinações oficiais obrigatórias;


Boi verde 

Permitida a adubação verde + vertilizantes sintéticos;

Aplicação de uréia permitida;

Suplementação exclusiva com alimentos de origem vegetal, mas provenientes de culturas convencionais;

Tratamento veterinário permitido com medicamentos alopáticos;

Permitido o uso do fogo para manejar pastagens;

Transferência de embriões proibida;

Vacinações oficiais obrigatórias;


Fonte: Cenário Atual da Pecuária Bovina de Corte Orgânica Certificada na Bacia do Alto Paraguai (BAP) – Brasil – WWF 
 

Referências bibliográficas:

• http://www.sic.org.br/organico.asp - Sistema orgânico de produção de carne bovina – Resende, F. D. E Dias R.S.
• http://www.ota.com/organic/foodsafety/OrganicBeef.html. Organic Practices. Organic Trade Association.
• http://www.organicgrassfedbeefinfo.com. • Bowman, B. The costs and benefits of raising cattle au naturel. Deconstructing organic beef.
• DeCarlo, Tessa. The better beef guide. Disponível em www.taylormadebeef.com.
• Cavalcanti, M.R. Para onde vai o Mercado mundial da carne? • Figueiredo, E.A.P. Pecuária e agroecologia no Brasil.
Disponível em www.nca.ufmg.
• Gonella et al. Producción de Carne en sistemas ecológicos.
Disponível em www.inta.gov.ar 

Fonte: Gentedeopinião com informações de E-Campo

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