Quarta-feira, 5 de setembro de 2007 - 10h47
Com o objetivo de disseminar a atividade de criação de abelhas indígenas sem ferrão ou meliponicultura junto a agricultores da região, a Embrapa Acre, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac), está capacitando dez famílias de produtores rurais do Ramal Nabor Júnior, no projeto de colonização Pedro Peixoto, localizado a 160 km de Rio Branco (AC). No último dia 2 de setembro, os agricultores tiveram orientação de como criar estas abelhas adotando técnicas de manejo que garantem mel de qualidade e reduzem perdas e custos da produção.
O curso faz parte das metas do projeto Tecnologias e conhecimento para produção de mel e pólen de abelhas indígenas sem ferrão por agricultores familiares do estado do Acre, executado pela Embrapa Acre em parceria com as Embrapas de Belém (PA) e Teresina (PI), Universidade Federal do Pará, Sebrae Acre e Secretaria de Estado de Assistência Técnica e Produção Familiar. As atividades práticas acontecem em três módulos, ministrados aos finais de semana.
A intenção, de acordo com Patrícia Drumond, líder do projeto e coordenadora do evento, é integrar a criação de abelhas sem ferrão ao manejo florestal madeireiro, principal atividade econômica de parte das famílias da região, por ser comum encontrar ninhos destas abelhas nas árvores exploradas.
"Os ninhos são transferidos para caixas de madeira, onde as abelhas se reproduzem. Além de garantir mel de qualidade para o consumo, a atividade pode se converter em fonte alternativa de renda para os produtores. Com boas floradas e manejo apropriado, em dois ou três anos é possível multiplicar o número de colônias e a produção. Dependendo da espécie de abelha e das técnicas adotadas é possível obter até 8 litros de mel por caixa", explica a pesquisadora.
No Brasil, existem mais de duzentas espécies de abelhas indígenas sem ferrão. As mais criadas na Amazônia são a uruçú e jandaíra. Inicialmente desenvolvida pelos índios, a atividade vem, ao longo dos anos, sendo praticada por pequenos e médios produtores. Apesar de ser um trabalho relativamente simples, a falta de conhecimento no manejo das abelhas leva à morte dos ninhos em um curto espaço de tempo, com prejuízos para o produtor.
O instrutor Nilson Brilhante é um dos pioneiros na disseminação da meliponicultura no Estado. Técnico do Parque Zoobotânico da Ufac, há vários anos desenvolve trabalhos junto a comunidades rurais e indígenas do Acre, Rondônia e Amazonas. Ele acredita que investir em treinamento é o caminho para tornar a atividade auto-sustentável, melhorar a produção e despertar o interesse de novos produtores.
Doces benefícios
Segundo Patrícia Drumond, os benefícios e vantagens da meliponicultura são muitos. As abelhas sem ferrão são bastante dóceis e isto facilita o manejo, dispensando a utilização de roupas especiais e equipamentos de proteção. As caixas de madeira são confeccionadas pelo próprio produtor e, por serem nativas, as abelhas indígenas sem ferrão buscam livremente seu alimento na natureza e dispensam cuidados veterinários, garantindo o baixo custo da produção. Além disso, por não exigir força física e dedicação prolongada, a atividade congrega o trabalho familiar.
O mel produzido por estas abelhas é rico em nutrientes básicos como açúcares, proteínas, gordura e vitaminas, essenciais à saúde, sendo muito apreciado como alimento. Além disso, tanto o mel quanto o pólen possuem elevada atividade antibacteriana, por isto, são tradicionalmente usados como remédio na região. Pelas suas peculiaridades, em algumas localidades o produto chega a ser comercializado pelo dobro ou triplo do preço do mel das abelhas do gênero Apis, conhecidas como africanizadas, européias ou italianas.
A criação de abelhas sem ferrão pode se tornar ainda mais rentável para quem optar por comercializar também as rainhas, o própolis e os núcleos para a formação de novas colônias. O preço de uma colônia varia de 200 a 500 reais, enquanto uma rainha pode ser vendida entre 70 e 120 reais.
Outra vantagem é que, associada a plantios de fruteiras e culturas de ciclo curto, a atividade contribui para o aumento da produção por que as abelhas sem ferrão são importantes polinizadoras de inúmeras plantas nativas e culturas agrícolas.
Além das vantagens econômicas e dos benefícios do mel para a saúde humana, a meliponicultura agrega forte componente educacional e ambiental. Além de conhecimentos sobre aspectos da biologia das espécies, como tamanho dos ninhos e capacidade de produção, é necessário promover um ambiente favorável ao uso racional dos recursos naturais. A ampliação da criação por meio de técnicas de divisão dos ninhos contribui para minimizar a pressão de retirada de novos ninhos do meio ambiente.
Fonte: Embrapa
Sesc Rondônia recebe menção honrosa por Projeto Sustentável de Biodigestor
O Serviço Social do Comércio em Rondônia (Sesc) recebeu mais um importante reconhecimento pela inovação e compromisso com a sustentabilidade. A inst
No último domingo (15), quase 600 mil filhotes de quelônios foram soltos às margens do rio Guaporé, entre os municípios de São Francisco do Guaporé
Idesc promove conferência sobre meio ambiente urbano
Visando a enriquecer a V Conferência Nacional do Meio Ambiente com debates e propostas sobre as áreas urbanas e as alterações climáticas decorrentes
Com o intuito de promover a preservação da espécie Podocnemis expansa no projeto Quelônios da Amazônia, garantindo a manutenção dos estoques naturais