Sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009 - 15h33
Amanda Mota
As ações realizadas por estudantes e professores universitários participantes do Projeto Rondon neste início de 2009 no interior do Amazonas trouxeram oportunidades marcantes para muitos moradores das localidades visitadas.
É o caso do agricultor Luiz Cláudio de Souza que, nesta quinta-feira (12), no centro de Iranduba (AM), aos 58 anos, conseguiu um documento que nunca teve: a certidão de nascimento.
Em entrevista à Agência Brasil, "seu" Luiz como é conhecido declarou que se soubesse a felicidade que sentiria ao receber a certidão, teria procurado obtê-la anos atrás. Ele disse que jamais procurou tirar a certidão porque nunca tinha precisado do documento. Ainda assim, ao saber da visita das equipes do Rondon em seu município, foi incentivado pela associação da comunidade a procurar os serviços oferecidos.
Além da certidão de nascimento, "seu" Luiz , que vive em uma comunidade ribeirinha e há 12 anos deixou de ser pescador para ganhar a vida como agricultor, também conseguiu retirar o documento de identidade.
"Vim tirar a certidão e a identidade porque a presidente da minha comunidade disse que toda pessoa precisa ter documento. Fui pescador minha vida quase toda e, por onde trabalhei, nunca precisei apresentar nenhum documento. Nem em hospital, onde pedem também documentos, eu nunca fui. Para mim, a partir de agora, isso significa que posso ser considerado um cidadão. Estou muito feliz", contou.
A expedição de certidões de nascimento e documentos de identidade e a prestação de orientações jurídicas foram alguns dos serviços prestados pelos rondonistas estudantes e professores participantes do Projeto Rondon - esta semana, em Iranduba. O grupo é formado por 16 alunos e professores da Faculdade Santo Agostinho (FSA), do Piauí, e da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, de Minas Gerais.
Para o acadêmico de Direito da FSA, Joaquim Silva Júnior, a maior lição foi a oportunidade de conviver com pessoas que têm condições de vida e estudo diferentes da realidade de seu estado de origem e poder participar de um processo de ensino e aprendizagem.
"O mais importante foi ter vivido essa troca de experiências. A gente ensina e também aprende muito. Aqui vi muita gente perder seus direitos por não saber o que as leis brasileiras garantem a eles e pude ajudar um pouco com o conhecimento que já adquiri na faculdade. A minha forma de atuação foi levando informações. Aqui a gente vai além da condição de estudante e passa a ser um pouco de psicólogo, conselheiro e professor. O bom de ser rondonista é que se aprende a ser um pouco de cada profissional", resumiu.
Na avaliação do gerente de Planejamento do Projeto Rondon, coronel José Paulo da Cunha Victório, o balanço das atividades em Iranduba é positivo.
"Muitas atividades são realizadas nesses 15 dias e isso também varia de acordo com a participação da comunidade. Em Iranduba, a participação foi fundamental para o sucesso dos trabalhos".
Segundo ele, as atividades dessa primeira fase do Rondon no Amazonas em 2009 encerram no sábado (14), mas na próxima semana já começam os preparativios para a segunda etapa que será realizada no mês de julho.
"Com certeza o Amazonas voltará a ser visitado pelos rondonistas. Possivelmente também incluiremos um estado do Nordeste, que deve ser a Paraíba", antecipou Victório.
O Projeto Rondon foi criado em 1967 e mantido até 1989. Depois disso, ficou sem ser realizado, até ser reativado a partir de 2005 pelo Ministério da Defesa. Ao participar da ação, estudantes e professores universitários são levados para comunidades carentes do país, onde durante 15 dias, promovem atividades entre os moradores buscando promover a cidadania e o desenvolvimento sustentável.
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