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Projeto Taboca do Acre estuda bambu acriano


Uma iniciativa desenvolvida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (Sebrae), em parceria com a Embrapa Acre e Fundação de Tecnologias do Acre (Funtac) vai identificar e caracterizar as espécies de bambus de ocorrência no estado do Acre. O projeto Taboca do Acre tem entre seus objetivos o cultivo e a domesticação dessa gramínea, visando à sua utilização como alternativa econômica por agricultores familiares e, nessa etapa, conta com a consultoria da Universidade de Brasília (Unb).

Semana passada, a professora do Departamento de Botânica do Instituto de Biologia da instituição, Dalva Graciano Ribeiro, veio ao Acre para iniciar os trabalhos de coleta de material botânico para análise em laboratório. Uma equipe de técnicos das instituições parceiras no projeto, liderada pela professora, percorrerá os municípios de Sena Madureira, Brasileia e Assis Brasil, coletando amostras de espécies da planta. Esses municípios situam-se na área da Reserva Extrativista Chico Mendes, onde está localizada boa parte dos mais de 600 mil hectares de bambu, existentes no estado.

“Precisamos saber do que dispomos para, em um segundo momento, incentivar os cultivo, visando ao aumento da área plantada e desenvolver uma cadeia para utilização do bambu como alternativa de emprego e renda para as famílias”, explica Aldemar Maciel, gestor de projetos do Sebrae.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Acre, Elias Miranda, o bambu é uma planta de predominante de áreas de várzeas. Um experimento implantado há três anos em uma propriedade rural de Rio Branco vem avaliando o desempenho da espécie em condições ecológicas distintas. “Observamos que em áreas mais úmidas a planta se desenvolve melhor. Isto indica que o bambu se adapta bem em diversos ambientes e diferentes tipos de solos”, afirma.

O plantio experimental, formado por mudas coletadas em áreas nativas da região, aclimatadas em viveiro, também revelou que a produção de mudas para formação de novos cultivos é outro aspecto viável da cultura. Para Miranda, o bom desenvolvimento do material transplantado indica a potencialidade de cultivo do bambu por agricultores familiares.

Considerado uma matéria prima ecológica, o bambu desponta como alternativa sustentável para substituir a madeira em diversos setores (na construção civil, na fabricação de móveis e utensílios de decoração e em benfeitorias rurais). Além disso, serve como fonte de alimento para as populações (consumo de brotos) e atua de forma eficiente no resgate de CO2, podendo contribuir para a redução do efeito estufa e oferta de serviços ambientais.

A engenheira florestal da Funtac, Suelen Pontes, explica que um dos objetivos do projeto é estudar a viabilidade de uso do bambu na recuperação de áreas degradadas oriundas de desmatamentos, na recuperação de nascentes e em áreas com declividade acentuada, predominantes no interior do Estado.

Pesquisas em laboratório

As pesquisas voltadas para a caracterização das espécies de bambu encontradas no Acre vão possibilitar uma gama de informações a respeito da gramínea. De acordo com a professora Dalva Graciano Ribeiro, primeiramente será realizado um mapeamento da região, para identificação correta de cada espécie.

A partir daí serão avaliadas as características morfológicas externas das plantas como altura total, diâmetro, número de indivíduos por touceira e comprimento dos entrenós – um dos fatores determinantes do uso comercial do bambu. “No laboratório vamos identificar características físicas e mecânicas como resistência, densidade, comprimento e durabilidade da fibra, além da espessura da parede do colmo”, diz.

Segundo Maciel, os resultados desse trabalho possibilitarão traçar o perfil das espécies encontradas na região, viabilizar a cadeia produtiva e o desenvolvimento da cultura como opção de negócio na agricultura familiar.

Fonte: Diva Gonçalves (Mtb-0146/AC) / Embrapa Acre

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