A Associação Extrativista é a segunda entidade rondoniense a investir no estoque de carbono. Recentemente a tribo indígena Suruí negociou com uma grande empresa cerca de 120 mil toneladas de carbono. E instituição extrativista é a primeira do Estado a investir neste setor.
O apoio do governo consiste em uma declaração, que na prática endossa o projeto, mostrando que o mesmo não está sendo feito à revelia do Estado, mas que tem conhecimento do seu desenvolvimento e o aprova. De acordo com Alexis Bastos, coordenador de projetos do Centro de Estudos da Rio Terra, a declaração dá credibilidade às atividades para negócios futuros.
A reserva de 95 mil hectares tem perspectivas de um grande estoque. O cálculo inicial é de que seja possível ter 130 toneladas de carbono por hectare, salienta o presidente da Associação de Moradores, Antônio Teixeira Santos.
Os projetos para a Redução de Emissões por Desmatamentos e Degradação (Redd) estão com cerca de 70% concluídos. A previsão, de acordo com Alexis, é que em março seja feita a primeira validação dos estudos, por meio de auditoria, por uma empresa especializada. Este trabalho pode durar até quatro meses. Posteriormente uma nova organização, baseada nos resultados dos estudos e da validação, se responsabilizará por levar ao mercado a oferta do carbono.
No Brasil ainda não existe uma regulamentação para o comércio do carbono, mas o assunto será a pauta principal de um seminário para o próximo ano, cujo tema previsto é Pagamento de Serviços Ambientais, entre os quais o carbono se enquadra.
A população total da reserva é de 132 pessoas, entre adultos e crianças, que vivem da produção de farinha, castanha e do manejo florestal como complemento. E está localizada na rodovia estadual (RO) 133, sentido Tabajara, a 42 quilômetros da sede de Machadinho d’Oeste. Com a efetivação da venda de créditos de carbono, toda a população passa a ter o compromisso de emitir carbono dentro dos termos limitados nos estudos, cujos cálculos já foram feitos prevendo os desmatamentos futuros para sobrevivência de cada família.
Além de Alexis e Antônio, participaram da audiência com o governador, José Pinheiro Borges e Claudeir Bueno, ambos moradores da Reserva.
Crédito de Carbono
O crédito do carbono consiste em uma transação simples, em que um agente causador de poluentes, em geral empresas, adquirem de comunidades em áreas de florestas uma determinada quantidade de carbono para compensar os efeitos negativos ao meio ambiente causados pela primeira. Isso não quer dizer que a empresa que comprou vai ter mais liberdade para emitir carbono, mas vai dar a ela o crédito, vai garantir uma boa imagem, porque apesar de não ter como evitar a emissão de gases tóxicos, pelo menos assegura que outras entidades estão solidárias, assegurando a não poluição em outras regiões.
Fonte: Alice Thomaz / Daiane Mendonça / Decom
Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)