Terça-feira, 2 de julho de 2024 - 09h55
O 5° Módulo de Formação
Continuada para Multiplicadores do projeto Terra e Mata, realizado pela Ecoporé
com apoio financeiro do Fundo Socioambiental Caixa, teve como tema a
“Restauração ecológica e os processos para um bom resultado”. A atividade, que
aconteceu de modo itinerante entre os dias 14 e 20 de junho, abordou
conhecimentos acerca dos serviços ecossistêmicos, sequestro e estocagem de
carbono, formação de corredores ecológicos e conservação da biodiversidade.
Ao longo dos sete dias do 5°
Módulo, participaram 79 agricultores familiares contemplados pelo projeto, os
quais residem nos municípios de Presidente Médici, Alvorada d’Oeste, Urupá,
Nova Brasilândia, São Miguel do Guaporé, Seringueiras, São Francisco do Guaporé
e Costa Marques. Cerca de metade dos participantes eram mulheres.
Ana Paula Albuquerque, gerente de
Educação da Ecoporé, coordenou a formação com apoio dos extensionistas locais
Sueli Barbosa, Jéssica Muniq e Anderson Bento. Foi trabalhado com os
agricultores o conceito de serviços ecossistêmicos, assim como a relação deles
com a biodiversidade e as mudanças climáticas. Além disso, a Lei nº
14.119/2021, que institui a Política Nacional de Pagamento por Serviços
Ambientais e classifica os serviços ecossistêmicos em provisão, cultural,
regulação e suporte, foi apresentada aos participantes durante as dinâmicas.
O conhecimento adquirido impacta
diretamente nos cultivos dos participantes. Segundo Aparecida de Lurdes da
chácara El Shaday em Alvorada d’Oeste, que acompanhou os cinco módulos de
formação, “essa experiência ajuda com o manejo de pragas e doenças”. Para ela,
“a Ecoporé traz uma visão sobre a importância do reflorestamento, da
preservação, da recomposição e da restauração da biodiversidade”.
Outra produtora que transformou
seu modo de cultivar é Viviane Amaral de Sousa do Assentamento Marxista
Pescador, em Urupá. Antes, ela usava muitos defensivos e a inchada. Depois dos
módulos, Viviane restringiu o uso de defensivos exclusivamente à grama e
aprendeu a trabalhar com a roçadeira, “que facilitou a minha vida e aumentou a
minha escala de produção. É uma tecnologia e a cobertura do solo faz com que eu
tenha mais facilidade e menos trabalho no meio rural”. A agricultura também
participou da formação de coletores de sementes e afirma que agora também vê as
árvores como meio de rentabilidade, sem precisar cortá-las. “Através dos
conhecimentos dos módulos de produção que eu apliquei na minha propriedade, eu
mudei a minha visão com relação à natureza e consegui conciliar os meios de
produção e manter o meio ambiente preservado”, diz.
A formação é um espaço de troca
de saberes entre a equipe de educadores e os agricultores, e também entre os
próprios beneficiários. Segundo Adão Teixeira Chaves, do Sítio Nova Esperança,
que participou da atividade no município de Presidente Médici, “o curso é muito
bom para todos. A gente troca muitas ideias uns com os outros e aprende muita
coisa importante a respeito de preservar nascentes, a natureza e sobre o clima
que tá mudando”. Para ele, um dos pontos mais importantes dos módulos foi
aprender sobre preservação de nascentes de beiras de rio e córrego.
O 5° módulo de formação faz parte
de um ciclo de 6 atividades cujo objetivo é capacitar e aumentar a autonomia de
agricultores familiares para desenvolverem ações de recomposição florestal e
agricultura de baixo carbono. Espera-se que os agricultores se tornem
multiplicadores, isto é, que ensinem outros agricultores a manejar as áreas de
plantio, fazendo a manutenção das mesmas.
Os módulos anteriores tiveram
como tema: 1° Módulo “Diagnóstico participativo” (abril e junho/2023 - 54
participantes), 2° Módulo “Recomposição Vegetal e a Agricultura Familiar”
(outubro/2023 - 157 participantes), 3° Módulo “Semear e preservar para um solo
sustentável” (janeiro/2024 - 61 participantes), e 4° módulo “Manejo alternativo
de pragas e doenças na agricultura” (abril/ 2024 - 107 participantes). Alguns
agricultores participaram de mais de um módulo.
Terra e Mata
Iniciado em dezembro de 2022 e
com encerramento previsto para maio de 2026, o projeto Terra e Mata é realizado
pela Ecoporé com apoio financeiro do Fundo Socioambiental Caixa prevê a
produção e produção de 480 mil mudas e beneficiaria, ao total, pelo menos 500
agricultores familiares em Rondônia, um dos estados com maiores índices de
desmatamento da Amazônia Legal. Dentre as ações previstas, 300 áreas sensíveis
serão restauradas e 200 sistemas produtivos sustentáveis serão implantados para
a promoção da inclusão socioprodutiva de mulheres e jovens, com foco na renda e
segurança alimentar das famílias.
O projeto visa aliar conservação
e recuperação ambiental com geração de renda através da promoção da agricultura
regenerativa em propriedades da agricultura familiar na Amazônia. Desse modo,
reforça a resiliência e a adaptabilidade dos agroecossistemas a eventos extremos,
como riscos relacionados às mudanças do clima, mantendo a disponibilidade dos
serviços ecossistêmicos. A iniciativa também contribui para que o Brasil atinja
o compromisso, assumido em 2015 durante a COP21 em Paris, de reflorestar 12
milhões de hectares de floresta até 2030.
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