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Meio Ambiente

Rio Madeira contaminado

Só os fortes insistem em continuar morar e trabalhar, apesar do abandono e das ameaças


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O Rio Madeira, um dos principais afluentes do Rio Amazonas, com aproximadamente 1.460 km de extensão, sendo o 17º do Planeta em comprimento, mas considerado um rio novo e ainda com sua calha em formação, está há algum tempo sofrendo violenta agressão ambiental em toda a sua extensão, e colocando em risco principalmente os ribeirinhos que habitam a região do Baixo Madeira.

Um problema  que ninguém ainda deu atenção, mas é de grande gravidade, é o tráfego de  enormes barcaças e balsas, pela calha do Rio Madeira, transportando toda espécie de mercadorias e soja, sendo que estes gigantescos comboios fluviais, empurrados por potentes rebocadores, usam como via de tráfego o canal praticamente encostado à margem do rio, o que produz forte ruído e trepidação abalando e causando o fenômeno do desbarrancamento das margens do Madeira, destruindo lavouras, aumentando muito o número de árvores no leito o que ameaça a própria navegação e, ainda, colocando sob ameaça constante que casas de pequenos ribeirinhos sejam engolidas pelo desbarrancamento.

Outra questão é quando a Hidrelétrica de Santo Antônio, que despeja uma enorme quantidade de água, principalmente na época de cheia que vai de dezembro a março, deixando os ribeirinhos sem saber o que fazer. Até o momento, pelo que dizem os ribeirinhos, representantes da empresa não se preocuparam em dialogar com os que estão sendo prejudicados para, pelo menos, reparar os danos causados, sob o olhar complacente da Justiça e de órgãos ambientais. Locais como Nazaré do Rio Madeira, Tira Fogo, Conceição do Galera, Papagaios e demais localidades estão sofrendo bastante com o problema deste incontrolado desbarrancamento, perdendo suas casas e plantações de subsistência.

Mas o drama dos que insistem, até por causa da tradição secular, de continuar morando e trabalhando nas duas margens do Madeira, para completar a desdita destes humildes e desamparados beradeiros, existe a desenfreada exploração do garimpo de ouro, que vai da Vila de Belmont até Borba, no Amazonas. Não existe nenhuma fiscalização que seja Aduaneira, da Marinha ou dos Órgãos Ambientais.

Os garimpeiros são os donos e Reis do Rio Madeira; mandam e desmandam em toda a extensão do rio, onde trabalham. Existe muito trabalho escravo, de menores, muita prostituição infantil e drogas. É comum se ver nas fofocas (locais onde se concentram as dragas e balsas), compradores de ouro vindos da Bolívia, judeus, indianos e chineses e vendedores de drogas e mercúrio. Diuturnamente, são despejados nas águas do Rio Madeira uma quantidade preocupante deste nocivo metal, o mercúrio, um metal líquido, também conhecido por azougue. Trata-se de um elemento altamente tóxico e pesado que pode causar danos cerebrais, renais e pulmonares, causando a acrodinia (doença rosa) , a síndrome de Hunter e  doença de Minamata.

Por ser um metal 15 vezes mais pesado que a água, vai diretamente para o fundo do rio, contaminando tudo, principalmente os peixes de couro, como o dourado, surubim, caparari, pirarara e outros. O ser humano ao consumir o peixe contaminado, começa a sentir os clássicos sintomas de envenenamento por mercúrio: fraqueza, cansaço, perda de apetite, rápido emagrecimento, úlceras estomacais e abdominais e comprometimento do sistema renal, que se não tiver rápido tratamento pode levar a óbito.

É comum ver Beradeiros se queixando de dores estomacais, abdominais e renais. Tomam remédios que a natureza lhes fornece e vão levando a vida.... Como este pesado metal vai ao fundo dos rios? os garimpeiros manipulam este perigoso metal líquido para dissolver as partículas de ouro, que se encontram junto com o cascalho e areia, que são sugados por potentes mangueiras do fundo do rio. Então se forma um amálgama (liga composta de mercúrio e ouro). Após esta operação, partículas do mercúrio são despejadas no leito do rio e afundam rapidamente.

Outro fato preocupante: nas comunidades ribeirinhas desconhece-se que tenha sido feita uma pesquisa sobre o uso do mercúrio no Rio Madeira e, muito menos, um estudo minucioso sobre o índice e teor desse veneno nos peixes de couro da região mais afetada do Baixo Madeira.

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