Domingo, 7 de dezembro de 2008 - 11h49
Navegar, a remo, pelas mesmas águas de um Pedro Teixeira, era um privilégio para poucos e eu tinha plena consciência disso.
Inicio minha jornada volvendo os olhos aos céus e suplicando ao Grande Arquiteto do Universo que estenda suas bênçãos à minha querida esposa. Só ele poderá fazer retornar ao seu rostinho aquela jovialidade e alegria que embalou nossos dias até ser vitimada pela doença.
Meus amigos, contrariando o bom senso de acompanhar o navegador, ultrapassaram-me e estão a uns 300 metros à jusante. Ao chegar no extremo noroeste da Ilha de Aramacá, os botos (cinzentos) me brindaram com suas evoluções. Era, pelo menos, um casal com dois filhotes. Avistei um flutuante ancorado na Ilha e me dirigi até ele. Fomos recebidos pelo seu Raimundo que, cortesmente, exibiu sua galeria de troféus de canoagem e fez questão de pilotar um de nossos caiaques. Ultrapassamos a extremidade Sudeste da Ilha e ancoramos na margem esquerda do Rio. Descansamos um pouco, fotografei algumas embarcações e borboletas. Os pontos que eu locara, pelo Google Earth no GPS, estavam totalmente errados. Um erro de aproximadamente 2 km à sudeste de onde deveriam estar. Descartei o GPS, agora usando-o apenas como velocímetro e passei a utilizar a bússola e as cópias dos mapas do Google. A navegação continuou fácil sem qualquer dificuldade.
Ao sul da Ilha de Araria, aportamos num grande banco de areia para repouso. A Fabíola ficou preocupada com as enormes vespas que atacavam seu estoque de frutas e queria partir imediatamente. Afastei as vespas do caiaque e fui navegando de bubuia para tirar algumas fotografias à jusante e retornar para continuarmos a navegação juntos. A forte correnteza me levou até a margem direita da ilha. Quando retornava para alcançar meus parceiros, um piloto que descia o rio me informou que os mesmos estavam descendo pelo lado esquerdo da ilha. Resolvi esperá-los no extremo leste da ilha. Lá chegando, as informações eram as mais desencontradas: uns afirmavam tê-los visto do lado esquerdo da ilha e outros do lado direito. Parti rumo a Feijoal.
Os problemas relatados foram, como era de se esperar, referentes à segurança, em decorrência da ação de traficantes e exploradores da mata nativa dentro da reserva. A falta de medicação no posto da FUNASA e a dificuldade do acesso ao Ensino Superior para os concludentes do 3º ano do Ensino Médio. Os pontos fortes foram o respeito às lideranças, a limpeza da comunidade, o sistema de refrigeração na escola de Ensino Fundamental, a água tratada e a energia elétrica.
A Festa da Moça Nova, ou seja, da menina que se torna mulher. Os ticunas consideram a fase da puberdade muito perigosa, período em que os jovens podem ser influenciados por espíritos maus. O ritual iniciava as meninas-moças na vida adulta. A partir da primeira menstruação, a menina é conduzida para um local reservado, construído para este fim com esteiras ou cortinados, onde permanecerá enclausurada por um longo período só podendo se comunicar com a mãe e a tia paterna. Neste período, deverá aprender o preparo de cestas, redes e esteiras.
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