Quinta-feira, 2 de outubro de 2008 - 06h24
Rondônia tem 153 focos de queimadas em apenas um dia; 40 estão em Unidades de Conservação
Os focos de queimadas registrados no primeiro dia de outubro alertam para o pior. O fogo avança para as terras de lei do Estado.
Daniel Panobianco – No último boletim do desmatamento divulgado essa semana pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Rondônia ocupa o terceiro lugar no ranking dos Estados que mais desmataram em agosto; E com essa noticia, o governo local comemora, pois à frente estão Pará e Mato Grosso, afinal, eles sim devem se preocupar.
Nas últimas 24 horas, o conjunto de satélites que monitora e detecta os focos de queimadas em toda a América do Sul deu a resposta, ainda mais agora período ápice das eleições municipais, onde o governo tem mais interesse em apoiar candidatos nos municípios que a lidar com situações preocupantes, como no caso, as queimadas que avançam a todo vapor floresta adentro. Os satélites detectaram ao todo 153 focos de queimadas em 24 horas em solo rondoniense colocando o Estado em primeiro lugar no ranking de queimadas nesta data.
O mais preocupante não são os focos de queimadas, pois isso todos sabem que colocar fogo em áreas de desmate ou de renovação de pastagem é mais do que comum e imperceptível por parte das autoridades, que teimam em dizer que não é possível fiscalizar todo o Estado, pois os verdadeiros culpados não são encontrados, como se a população local fosse desinformada em não saber que hoje, um foco de queimada com 30 metros quadrados no quintal de casa já é avistado pelos satélites; Isso prova mais uma vez a fragilidade e desleixo das autoridades no combate as queimadas ilegais em Rondônia.
A grande preocupação é com as Unidades de Conservação (UCs), que totalizaram somente nesta quarta-feira, 40 focos de queimadas em 6 diferentes UCs, sendo 27 apenas na Floresta Nacional do Bom Futuro, entre Porto Velho e Buritis, região mais devastada de Rondônia no momento.
Grande parte dos focos de queimadas localizada dentro da UC é em pequenas clareiras dentro da mata, o que responde a afirmação do Ministério do Meio Ambiente, de que os assentamentos do INCRA são sim os que mais desmatam na Amazônia na atualidade e em Rondônia não é diferente.
As UCs detectadas com focos de queimadas da 00:00 UTC do dia 01 a 00:00 UTC do dia 02 foram:
UC: Parque Nacional dos Campos Amazônicos
Município: Machadinho d' Oeste
Focos: 10
UC: Floresta Nacional do Bom Futuro
Município: Porto Velho
Focos: 14
UC: Floresta Nacional do Bom Futuro
Município: Buritis
Focos: 13
UC: Reserva Biológica do Jaru
Município: Machadinho d' Oeste
Focos: 2
UC: Parque Nacional dos Pacaás Novos
Município: Nova Mamoré
Focos: 3
UC: Parque Nacional da Serra da Cutia
Município: Guajará-Mirim
Focos: 1
A resposta das autoridades que há décadas ouvimos é que vão melhorar o monitoramento e aplicar novas regras contra o desmatamento e as queimadas na Amazônia. A cada ano que passa a ladainha do governo só aumenta ao mesmo tom que os quilômetros desmatados de floresta virgem.
A realidade sobre a famosa frase "terra sem lei" sobre a Amazônia pesa nesse momento em que governos de diferentes âmbitos só sabem criticar uns aos outros, mas no tocante, a mata continua a ser queimada e derrubada. Afinal, se as verdadeiras áreas de lei da Amazônia estão nesse ritmo absurdo de desmatamento, acreditar que não existe mais salvação é pessimismo ou realidade?
Dados: CPTEC/INPE
Fonte: De olho no tempo
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