Terça-feira, 5 de fevereiro de 2008 - 22h51
Para professor, sacola feita de plástico que se degrada logo não é solução para meio ambiente
Carolina Pimentel
Agência Brasil
Brasília - A sacola feita de plástico oxibiodegradável, material que se decompõe em até 18 meses em contato com o calor, o ar e a umidade, pode ser uma das alternativas para diminuir a vida útil e o impacto do plástico no meio ambiente. Entretanto, o professor de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Haroldo Mattos de Lemos considera excessiva a valorização dos benefícios do novo produto.
Em entrevista à Rádio Nacional, Lemos disse que a sacola feita com esse material se degrada mais rapidamente, porém os resíduos não desaparecem. Adiciona-se uma certa substância ao plástico que faz com que, dentro de alguns meses, ele se esfarele. Significa que não se degrada totalmente. Você substitui um problema por um outro maior, substitui uma poluição visível por uma outra, que é invisível, mas que é também bastante danosa ao ecossistema, explicou.
Para o professor, existe "uma certa histeria" com a questão das sacolas plásticas. "Essa histeria, eu relaciono com um lobby para venda de um novo produto que foi colocado no mercado. Na minha opinião, pelo que pude perceber, não é uma solução adequada, disse.
Apesar das críticas sobre o uso das sacolas plásticas para acondicionar o lixo das casas, já que a embalagem demora muitos anos para se decompor, Haroldo Mattos entende que esse hábito ajuda a reduzir a emissão de gases causadores das mudanças climáticas. Segundo ele, ao se decompor, o plástico emite gás carbônico e, quanto mais esse processo demorar, menos emissões ocorrerão.
A sacola que vai embalando o lixo é bom que fique lá [no aterro sanitário] por 400 anos, porque o plástico, quando degrada, vai liberar para a atmosfera os gases do efeito estufa, como o gás carbônico. Se ele não se degrada, ele está nos ajudando a combater o grande desafio que temos no início deste século, que é a mudança climática, afirmou.
O professor defendeu ainda que o consumidor pague pela sacola plástica usada para carregar as compras de supermercado.
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