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Temporal castiga estradas e prejudica escoamento de leite na região central do Estado


Grande parte das estradas vicinais dos municípios rondonienses está novamente a mercê do rigoroso inverno amazônico que se aproxima. A diferença entre vias de responsabilidade do Estado e municípios é nítida em dias de muita chuva. Na região central, a falta de manutenção já prejudica o escoamento da produção leiteira.

Daniel Panobianco - O forte temporal que castigou vários municípios de Rondônia na noite de quarta-feira e toda a madrugada de ontem, foi mais intenso na zona rural, com reflexos de imediato no aumento do nível de rios e nas condições de trafegabilidade em muitas estradas vicinais, algumas, importantes vias de acesso em escoamento da produção agrícola.

Na região de Ji-Paraná, a chuva foi por demais severa e só ao final da tarde de ontem, a confirmação que de fato ocorreu forte precipitação em alguns pontos - comprometendo diretamente algumas linhas de acesso - veio ao conhecimento. Os caminhões que transportam o leite das fazendas para os laticínios foram os mais prejudicados pela ação da forte chuva e da falta de estrutura das estradas do município. O recolhimento do produto que é feito ainda nas primeiras horas do dia teve sua última carga chegando ao destino somente no final da tarde, quando parte da produção já tinha sido perdida devido à falta de refrigeração. As linhas 10, 11 e 20 foram as mais afetadas pelo aguaceiro, o que criou grandes atoleiros em diversos pontos. Pelo menos dois caminhões que fazem o transporte de leite ficaram mais de 10 horas atolados na estrada, sem condições da retirada do produto.

Pelo menos em Ji-Paraná, a diferença entre uma estrada, cuja manutenção é feita pela administração municipal e estadual é nítida e ao mesmo tempo vergonhosa. Todos os anos, a prefeitura realiza o serviço de terraplenagem, arrumando o que as águas do inverno amazônico passado levaram e abrindo novas vias para o escoamento e represamento da enxurrada. Este ano foi totalmente diferente, segundo o que afirmam diversos agricultores do município. A prefeitura não fez o serviço adequado na época da seca, que garantisse no mínimo a segurança de um transporte mais seguro e ágil das linhas. Somente em vias cuja responsabilidade é do governo estadual, a manutenção das mesmas foi impecável, com cascalhamento, aprofundamento de reservatórios de água e reforma em pontes. Por onde se passa, a conservação das estradas estaduais é nítida, mas se poucos quilômetros adiante, as de responsabilidade da administração municipal deixam a desejar, até mesmo na locomoção de veículos leves, não há produção agrícola ou até mesmo fluxo necessário em algumas comunidades que irá resistir a tanta chuva.

Esta foi apenas uma das tantas outras tempestades que vão castigar a região até março do ano que vem. Se em anos em que a conservação das vicinais é realizada, dificilmente sobram estadas intactas ao final do inverno amazônico, imagine agora, no inicio das chuvas, onde já existem pontos de atoleiros que ressurgem do ano passado causando prejuízos à economia local.

Esse ano, muitas prefeituras começaram a realizar obras, algumas de suma importância às cidades, para começar a então corrida política para as eleições de 2008. Obras conhecidas como as "visíveis", em que o eleitor consegue ver onde o dinheiro foi investido. As que são feitas debaixo da terra ou em regiões longínquas, com pouca concentração de pessoas, e conseqüentemente de eleitores, seria perca de tempo colocar homens e máquinas nas empreitas. Esse ainda continua sendo o pensamento e razão de muitos políticos do Estado.

E mesmo assim, quando são questionados por tais deficiências na realização de obras, sempre culpam o inverno amazônico pela impossibilidade na realização do trabalho. O gozado é que em Rondônia existem seis meses de chuva e outros seis de seca. Os políticos só lembram nos seis meses de chuva.
Fonte: De olho no tempo

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