Segunda-feira, 22 de julho de 2024 - 18h58
O 3° Módulo da Formação
de Coletores de Sementes do projeto Terra e Mata, realizado pela Ecoporé com
apoio financeiro do Fundo Socioambiental Caixa, foi finalizado na última semana
na aldeia Trindade, na Terra Indígena Rio Branco, e abordou na prática as
técnicas de coleta em altura. A atividade faz parte de um conjunto de formações
e percorreu os municípios de Costa Marques, São Francisco do Guaporé, São
Miguel do Guaporé e Alvorada do Oeste.
No primeiro módulo, os participantes conheceram as sementes de interesse para a
restauração, assim como o modo correto de coleta e armazenamento para que sejam
preservadas. No segundo, foi feita a identificação das árvores onde serão
coletadas as sementes, as matrizes, através do registro de três informações
chave sobre as árvores: o diâmetro, a altura e o ponto de GPS. Esse processo,
além de marcar a procedência das sementes, auxilia na avaliação da viabilidade
das mesmas, isto é, se serão saudáveis ou não.
Nesta terceira etapa, realizada em parceria com a Embrapa, foi discutida a
coleta de sementes nas alturas e o uso de equipamentos de proteção individual
(EPIs).
Durante o fechamento do 3° Módulo na TI Rio Branco, a analista socioambiental
Joana Gomes, responsável pela parte teórica da formação, explicou alguns
aspectos da NR 35/2012, norma que regulamenta a segurança do trabalho em
altura. Joana pontuou que qualquer atividade conduzida a partir de 2 metros de
altura já traz riscos, por isso a importância da utilização de EPIs, tais como
capacete, cordas, mosquetões e sistemas de ancoragem. Para evitar acidentes, é
fundamental que a atividade seja exercida em conjunto, com duas ou mais
pessoas.
A instrutora também explicou que os acidentes ocorrem por quatro razões:
negligência (falta de atenção ou cuidado), imprudência (quando se sabe o que é
certo, mas se age de modo incorreto), imperícia (quando não há conhecimento ou
aptidão para executar a atividade) e atos inseguros (tais como coletar quando
há ventania ou coletar perto de abelhas, vespas, cobras e outros insetos ou
animais perigosos).
Na parte prática, Hebson Carvalho do Nascimento, assistente de pesquisa de
campo experimental da Embrapa de Rondônia, deu instruções aos participantes
sobre como usar os EPIs. Hebson frisou que, uma vez danificados, os EPIs devem
ser descartados. As cordas de segurança, por exemplo, ficam comprometidas
quando utilizadas para outros objetivos, como amarrar redes. O mau uso dos
equipamentos, além de acarretar riscos à vida, causa perdas financeiras, pois
demanda que sejam substituídos.
Diversas espécies de árvores de grande porte têm alto valor comercial. É o caso
do cedro, do açaí, do ipê e da castanha-do-brasil, entre outras. Além disso, em
comunidades indígenas, a atividade é tradicionalmente masculina. Às mulheres é
reservada a coleta de sementes no solo, quando estas caem após as chuvas. Dessa
forma, a formação também cumpre um papel importante na inclusão das mulheres na
cadeia socioprodutiva.
Ao todo, a formação de coletores de sementes promovida por meio do projeto
Terra e Mata já capacitou 50 pessoas, entre indígenas de sete etnias (Aikanã,
Tupari, Karitiana, Suruí, Gavião, Zoró e Apurinã), comunidades quilombolas
(Forte Príncipe da Beira e Santa Fé), extrativistas da Reserva Extrativista
do Rio do Cautário, e agricultores familiares que residem nas oito cidades ao
longo da BR-429, área de abrangência do projeto: Urupá, Alvorada d’Oeste,
Presidente Médici, Nova Brasilândia d’Oeste, São Miguel do Guaporé,
Seringueiras, São Francisco do Guaporé e Costa Marques.
Galeria de Imagens
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