Terça-feira, 22 de setembro de 2020 - 08h19
Em meados do mês de
julho, quando reaparecem as lindas praias ao longo do Rio Guaporé e seus
afluentes, começam a chegar para mais uma temporada de desova uns personagens
bem interessantes e enigmáticos.
Primeiramente chegam os
Talha Mar – Rynchops Níger que se deslocam do Canadá e Penísula de Yukatan até as
areias douradas onde depositam seus ovos em covas rasas e ficam de guarda até
os filhotes emplumarem e quando chega o mês de agosto para setembro, os
filhotes bem alimentados de peixes, devidamente fortes e emplumados, retornam à
América do Norte. Aí que entra
o grande enigma: são
Norte Americanos ou Rondoniense já que nasceram em praias brasileiras?
Com a saída destes
exóticos pássaros das praias, começam a ocupar o local os tracajás. Eles vão
chegando ao entardecer e passam todo o período noturno depositando seus ovos em
covas, ou ninhos. Normalmente cada ninho são depositados em torno de 36 ovos e
nesta temporada dos tracajás, nas praias sob a vigilância da Eco Vale, foram
identificadas e marcadas 9.789 ninhos, e teoricamente irão eclodir 352.404
filhotes.
Acontece que existe uma
cadeia alimentar bem significativa nas praias onde acontecem as desovas. São os
urubus, gaviões e camaleões que destroem os ninhos para comer os ovos.
Outro fator preocupante
é o ataque das onças, que são bem numerosas na Região. Elas aproveitam do
momento em que os tracajás estão desovando, para atacar e levar suas presas pra
comer na floresta próxima.
Rastos destes felinos
são encontrados em todas as praias onde ocorrem a desova.
Pelo controle da
Natureza, na segunda quinzena de setembro, começa a agitação das tartarugas.
Elas fazem um enorme alvoroço em torno das praias, onde ano após ano, retornam
as mesmas praias e por incrível que pareça, no mesmo local onde desovaram no
ano anterior, depositam seus ovos. Cada tartaruga coloca em seus ninhos em
torno de 160 ovos e retornam imediatamente ao Rio Guaporé. Algumas devido a
idade e grande esforço não conseguem voltar é neste momento que os praieiros –
fiscais das praias – colocam elas nas costas e devolvem ao rio. Não dá pra
salvar todas, mais em sua maioria levadas de volta as águas do Guaporé.
Na temporada passada,
eclodiram mais de 4 milhões de filhotes, entre tracajás, tartarugas e matá matá
e deste total menos de 0001% consegue sobreviver. A famosa Cadeia Alimentar
entra em ação; desta vez são os vorazes peixes e jacarés que ficam na espreita
quando são devolvidos ao grande Rio, os indefesos filhotes.
E A VIDA CONTINUA....
Veja as fotos:
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