Sexta-feira, 22 de agosto de 2014 - 14h04
Professor Nazareno*
Não é novidade para ninguém que Porto Velho, a suja, abandonada, poeirenta e distante capital de Rondônia tem um dos piores IDH’s, Índice de Desenvolvimento Humano, do Brasil e talvez do mundo. Falar mal desta capital e de sua anacrônica infraestrutura urbana já se tornou uma terrível rotina há muito tempo. E o pior: a cada ano que passa parece que as coisas só pioram. Durante o inverno, a situação fica mais do que caótica com as constantes alagações, lama, podridão, monturo, ratos, carniça, urubus e toda sorte de imundícies. No verão, embora sejam só dois meses de estiagem, a poeira toma conta das esburacadas ruas. E para piorar o drama, a fumaça das queimadas urbanas e rurais dá o tom ao combalido meio ambiente. Doenças alérgicas e do trato respiratório transformam diariamente a vida por aqui em um verdadeiro inferno.
Parece até que não existe Governo nem Poder Público por estas bandas. A notória inoperância dos muitos órgãos de fiscalização ambiental, tanto do Estado quanto dos municípios, todos praticamente “perdidos” em tempos de eleições e tudo isto associado a uma quase inexistente consciência ambiental por parte da maioria dos habitantes faz com que a pouca qualidade do ar diminua ainda mais. Impossível respirar com tanta fumaça, fedor de bichos mortos e poeira no ambiente. A última grande “hecatombe climática” verificada em Porto Velho foi coincidentemente em 2010, ano das últimas eleições estaduais e nacionais. Tomara Deus que neste período de escolhas das novas autoridades, não haja o arrefecimento da fiscalização sobre quem insiste em resolver seu problema particular sem levar em conta que vivemos em sociedade.
Viver em Porto Velho não é fácil. Entra Prefeito e sai Prefeito e a situação não dá sinais de que um dia vai melhorar. Trânsito caótico, desorganização urbana, excesso de obras inacabadas, sujeira espalhada pelas ruas, lama podre e água contaminada no inverno e poeira associada à carniça no verão é a triste rotina de quem insiste em continuar sobrevivendo nesta capital. Como se não bastasse este imenso rosário de desgraças e amarguras, eis que à noite enfrenta-se uma escuridão que faz isto aqui se parecer com uma espécie de filial do inferno. Agora, com a fumaça absurda que somos obrigados a respirar, por absoluta incompetência de quem devia evitá-la, a situação é de calamidade pública e de caos generalizado. Quem mora em Porto Velho só poderá ver o fundo do poço se olhar para cima. Estamos bem pior do que se possa imaginar.
Em tempos de eleições, o que mais se tem observado é a maioria dos candidatos hipocritamente falar em dignidade, trabalho, honra, decência, respeito, dentre outras palavras puramente “virtuais” que jamais serão postas em prática. Os malditos não percebem que estamos precisando de “promessas novas”. Em meio ambiente quase nada se ouve falar. Nem nos partidos que usam esse termo para se promoverem e arrebatar votos dos incautos e trouxas. Para muitos destes candidatos, qualidade de vida é um assunto esquecido que só pode e deve existir no mundo desenvolvido e civilizado. Essa gente devia se acanhar e entender que essas criminosas queimadas deviam ser denunciadas e punidas. Todos perdem quando respiramos este ar poluído pela cínica ambição do bicho homem. E se São Pedro não mandar chuva logo, logo, vamos ter que aguentar mais este pesadelo. Rinite, sinusite, labirintite e outros males nos aguardam.
*É Professor em Porto Velho.
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