Quarta-feira, 26 de agosto de 2009 - 14h50
Os desafios para conciliar o aumento da produtividade da pecuária com a redução dos desmatamentos e a emissão de gases de efeito estufa na Amazônia estão na pauta de discussão de instituições nacionais e organismos estrangeiros esta semana. O Workshop Internacional sobre Soluções para o Desmatamento e Emissões de Gases de Efeito Estufa Causadas pela Expansão da Pecuária na Amazônia, realizado em duas etapas, no Acre e em São Paulo, entre 24 e 27 de agosto, visa estabelecer um diálogo entre os vários atores da cadeia pecuária, na busca por alternativas para tornar a atividade mais produtiva e sustentável sem avançar sobre a floresta.
Organizado pelas entidades Amigos da Terra – Amazônia Brasileira e Aliança da Terra, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), além de organizações internacionais como Greenpeace, Forest Footprint Disclosure, National Wildlife Federation e Global Canopy Programme, o evento tem a cooperação da Embrapa e Fórum Paulista de Mudanças Climáticas e Biodiversidade. Participam representantes dos setores agropecuário, agroindustrial, financeiro e comercial, universidades e centros de pesquisa, governos e organizações da sociedade civil. O debate acontece como resposta às crescentes demandas no Brasil e nos mercados globais por mecanismos que assegurem maior sustentabilidade à atividade pecuária nos estados amazônicos.
Nos dois primeiros dias as atividades aconteceram em Rio Branco, com coordenação da Embrapa Acre, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, pecuária e Abastecimento (Mapa). A programação incluiu visitas a áreas de produtores que utilizam sistemas de produção intensivos de pecuária de corte sem desmatamentos e queimadas. “O objetivo foi demonstrar como as tecnologias voltadas para a recuperação de áreas degradadas e intensificação da pecuária podem contribuir para aumentar a produtividade do rebanho e a rentabilidade da propriedade, sem a necessidade de desmatar novas áreas”, diz o pesquisador Judson Valentim, chefe geral da Unidade.
A viagem ao Acre faz parte de uma agenda opcional do evento. Além das visitas a campo, o grupo composto por 15 representantes de órgãos governamentais e não governamentais e pesquisadores participou de reunião com o Governador do Estado, Binho Marques, na segunda-feira. Segundo Valentim, as políticas adotadas pelo Acre para conciliar a produção sustentável com redução do desmatamento podem servir de referência paras as discussões na segunda etapa do evento.
Debate global
Nos dias 26 e 27 os participantes se reúnem em São Paulo, no salão de convenções do World Trade Center, para um debate global sobre as soluções para as emissões de gases de efeito estufa (GEE) da pecuária, com foco na Amazônia brasileira. A proposta é encontrar alternativas eficientes para mitigar o aumento do efeito estufa e outros problemas socioambientais, decorrentes da expansão da atividade.
Um dos enfoques das discussões será a procedência de produtos pecuários. Como saber se a carne ou o couro têm origem ilegal, de desmatamento ou de trabalho escravo? O assunto será abordado em painel coordenado pelo Ministério Publico Federal do Pará. As tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Acre, para o aumento da produtividade, manejo de pastagens e recuperação de áreas degradadas também serão destaque no evento.
O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo e ocupa a posição de maior exportador de couro. Como atender a demanda mundial de carne sem contribuir para o avanço do desmatamento na Amazônia tem se convertido em questão crucial para o direcionamento de ações relacionadas ao desenvolvimento da pecuária. Um dos resultados práticos do encontro será a elaboração de uma agenda operacional envolvendo ações de cunho tecnológico, político, financeiro e mercadológico que possam garantir a sustentabilidade da pecuária.
“Os principais desafios da área dizem respeito à adoção, em larga escala, de tecnologias capazes de aumentar a atual produção pecuária; implementação de políticas públicas que possam aliar ganho em produtividade com redução do desmatamento; redirecionamento de linhas de crédito; e adoção de uma política de compra positiva ao longo da cadeia, com medidas que valorizem práticas sustentáveis como, por exemplo, o estabelecimento de preços diferenciados para produtos oriundos de propriedades que adotam sistemas de baixo impacto”, afirma Valentim.
A pecuária na Amazônia vem passando por um processo de transição, incorporando sistemas mais produtivos e sustentáveis. “Produzimos aqui a melhor carne do mundo e beneficiamos milhares de famílias com a atividade. Precisamos identificar iniciativas socialmente justas, ambientalmente corretas e economicamente viáveis e mostrar seus benefícios. Os sistemas pecuários adotados no Acre podem servir de exemplo a ser seguido por outros estados”, afirma Luciano Vacari, Superintendente da Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat).
Na opinião de Mauro Ribeiro, secretário de agricultura do Acre, as experiências acreanas servem para desmistificar a pecuária na Amazônia, mostrando que é possível promover o desenvolvimento da atividade aliando crescimento a conservação ambiental. O caminho para alcançar níveis satisfatórios de sustentação do ponto de vista econômico e ambiental é investir em tecnologias para modernizar a atividade.
Roberto Esmeraldi, diretor da ONG Amigos da Terra acredita que investimentos em produtividade e intensificação podem fazer da pecuária um negócio rentável e ambientalmente limpo. Muitos produtores já vêm buscando a atividade de forma sustentável, mas isto precisa ser ampliado. Uma alternativa é vincular o crédito e as ações de fomento à adoção de sistemas de alta produtividade, envolvendo desde o manejo de pastagens até a regularização de passivos ambientais das propriedades, com foco para a recuperação de créditos de carbono.
Fonte: Embrapa Acre
judson@capafac.embrapa.br
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