Sábado, 21 de março de 2015 - 16h35
Depois da visita ao Santuário de Pompeia o Papa dirigiu-se a Nápoles e entrou partindo da perferia, o Bairro de Scampia. Muito caloroso o acolhimento dos muitos fiéis vindos para encontrá-lo na Praça João Paulo II.
"Quis começar por aqui a partir desta periferia, a minha visita a Nápoles, disse o Papa Francisco que saudou e agradeceu a todos pelo caloroso acolhimento e particularmente àqueles que deram voz à realidade dos migrantes, dos trabalhadores e dos e juízes. Vós pertenceis a um povo com uma longa história atravessada por vicissitudes complexas e dramáticas, disse o Papa, sublinhando que a vida de Nápoles nunca foi fácil mas também nunca foi triste – tem prevalecido uma cultura da vida que ajuda sempre a levantar-se depois de cada queda e a fazer de modo que o mal nunca tenha a última palavra, é a esperança que o Papa chamou grande património e uma preciosa “alavanca da alma” frequentemente ameaçada:
“Sabemos que quem voluntariamente pega a estrada do mal rouba um pedaço de esperança, ganha um pouco de alguma coisa, mas rouba esperança a si mesmo, aos outros, à sociedade. A estrada do mal é uma estrada que sempre rouba a esperança e também a rouba à gente honesta e trabalhadora, e também ao bom nome da cidade, à sua economia”
Em resposta à uma senhora que falou que falou em nome dos imigrantes e dos sem-tecto pedindo uma palavra que assegure que os migrantes são filhos de Deus e que são cidadãos, o Papa reiterou que os migrantes não são homens de segunda classe:
“Nós devemos fazer sentir aos nossos irmãos e irmãs migrantes que são cidadãos, que são como nós, filhos de Deus, que são migrantes como nós, porque somos todos migrantes para uma outra pátria, eh? … E ninguém se perda pelo caminho! E não se pode dizer: "Mas os migrantes são assim … nós somos ...". Não! Somos todos migrantes, todos estamos em caminho, todos”
Uma outra intervenção foi feita por trabalhador que tocou o problema da falta de emprego para os jovens, dando ao Papa a oportunidade de sublinhar a gravidade deste problema que tira qualquer possibilidade de um futuro digno. E o Papa insistiu dizendo que é responsabilidade não apenas da cidade e não apenas do País, mas do mundo inteiro pois existe um sistema económico que descarta as pessoas, antes de tudo os jovens:
“E quando não se ganha o pão, perde-se a dignidade! E esta falta de emprego rouba-nos a dignidade. Devemos lutar contra isso, devemos defender a nossa dignidade como cidadãos, como homens, mulheres e jovens … Não devemos permanecer calados”.
E Papa Francisco também falou contra a exploração das pessoas no trabalho, quando se exigem muitas horas de trabalho em troca de uma paga insignificante. “Isso chama-se escravidão, isso chama-se exploração, isso não é humano, isso não é cristão, e se alguém faz isso e se diz cristão é um mentiroso, não é verdade, não é cristão”, disse o Papa Francisco.
A propósito da expressão “percurso de esperança” usada pelo Presidente do Tribunal de Recurso na terceira intervenção, e da famosa frase de Dom Bosco "bons cristãos e honestos cidadãos", o Papa salientou que o primeiro percurso de esperança para as crianças é a educação, mas uma verdadeira educação, um percurso para educar para o futuro e que ajude a seguir em frente. E também falou da corrupção, uma tentação que não poupa ninguém para ganhos fáceis, para a delinquência, para a criminalidade, para a exploração das pessoas, uma tentação para todos e palavra que cheira mal.
E Papa Francisco continuou dizendo que a sua presença quer ser um impulso para um caminho de esperança, de renascimento e de recuperação já em curso, pois conhece o empenho generoso e eficaz da Igreja, presente com as suas comunidades e os seus serviços nas realidades de Scampia e os grupos de voluntários. E também encorajou a presença e participação activa das Instituições da Cidade porque, disse, a "boa política" é uma das expressões mais altas da caridade, do serviço e do amor.
E fazendo memória da capacidade de Napoli de sempre saber se levantar, contando com uma esperança forjada por milhares de provas, recurso autêntico e concreto com o qual contar em todos os momentos e cuja raiz está no próprio espírito dos napolitanos, e especialmente na sua alegria e religiosidade, e na sua piedade, o Papa terminou desejando aos napolitanos a coragem de seguirem sempre em frente com esta alegria, com esta raiz, a coragem de levar para frente a esperança, de nunca roubar a esperança a ninguém, de ir para frente pela estrada do bem e não pela estrada do mal, de ir para frente no acolhimento de todos os que vêm a Nápoles … a coragem de seguir para frente sob a assistência e intercessão do Padroeiro S. Gennaro.
Fonte: rádio Vaticano
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