Segunda-feira, 16 de setembro de 2013 - 11h35
Da Agência Lusa / Agência Brasil
Brasília - Cinquenta líderes da medicina do mundo, incluindo prêmios Nobel, alertaram hoje (16) que o sistema de saúde sírio está em um ponto de ruptura e exigiram das partes em conflito que suspendam os ataques contra profissionais e unidades de saúde.
“Os governos que apoiam as partes nesta guerra civil devem exigir que todos os atores armados suspendam imediatamente os ataques a pessoal médico, instalações, doentes e equipamentos médicos", pediram os responsáveis em carta aberta publicada hoje na revista científica Lancet.
Os médicos exigem ainda que as partes envolvidas no conflito permitam que medicamentos e cuidados de saúde cheguem aos sírios, mesmo que tenham de atravessar linhas de combate ou fronteiras.
Os autores da carta denunciam ataques "deliberados e sistemáticos" a instalações médicas e a profissionais de saúde, que insistem não ser uma consequência inevitável ou aceitável do conflito. "Estes ataques são uma traição inconcebível ao princípio da neutralidade médica", enfatizaram.
Os escritores citam a Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a qual 37% dos hospitais sírios foram destruídos e outros 20% gravemente danificados. Eles mencionam, ainda, dados que estimam que 469 profissionais de saúde estejam presos e cerca de 15 mil refugiados em outros países. "Dos 5 mil médicos em Alepo antes do conflito, restam apenas 36", exemplificaram.
"Ferimentos terríveis estão por ser tratados; mulheres estão dando à luz sem assistência médica; homens, mulheres e crianças estão sendo submetidos a cirurgias vitais sem anestesia", alertaram.
"Apelamos às Nações Unidas e aos doadores internacionais que aumentem o apoio às redes médicas sírias, tanto nas áreas do governo como nas da oposição, onde desde o início do conflito os profissionais de saúde têm arriscado a vida para prestar serviços essenciais em um ambiente extremamente hostil", segundo a carta.
No documento, os autores - entre os quais há três prêmios Nobel, um ex-diretor da OMS e outros altos responsáveis médicos de países como o Reino Unido, os Estados Unidos, a Rússia, a Índia, a Turquia e o Brasil – escrevem estar “horrorizados” com a dimensão da emergência na Síria, que admitem ser "uma das piores crises humanitárias do mundo desde o fim da Guerra Fria".
“Como médicos e profissionais de saúde, exigimos urgentemente que os colegas médicos da Síria sejam autorizados e apoiados a tratar os doentes, salvar vidas e aliviar o sofrimento sem medo de ataques ou represálias”, escreveram os autores da carta.
O conflito na Síria começou em 2011 após a violenta repressão governamental a protestos populares. Desde então, segundo a ONU, mais de 100 mil pessoas morreram e cerca de 2 milhões refugiaram-se em países vizinhos, especialmente na Jordânia, na Turquia e no Líbano.
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