Quarta-feira, 16 de abril de 2008 - 15h06
Agência FAPESP Quem bebe ou fuma em demasia corre maior risco de desenvolver mais cedo a doença de Alzheimer do que aqueles que são moderados em qualquer das duas atividades. A afirmação é de um estudo que será apresentado esta semana durante a 60ª reunião anual da Academia Norte-americana de Neurologia, em Chicago.
Os pesquisadores avaliaram 939 pessoas com mais de 60 anos com diagnósticos de possível ou provável para a doença. Foram reunidas também informações de membros das famílias sobre históricos de fumo e de uso de bebidas alcóolicas.
Em seguida, os autores determinaram se os participantes tinham a variante A4 do gene apoE, cuja presença aumenta o risco da doença de Alzheimer. Pessoas com a variante costumam desenvolver o mal antes das demais.
Os cientistas verificaram que 7% dos pacientes tinham histórico de beber pesadamente definido como o consumo de mais de dois drinques por dia. Quanto ao fumo pesado, de mais de um maço por dia, esteve presente em 20% dos participantes. Desses, 27% apresentava a variante genética do apoE.
Os autores do estudo descobriram que aqueles que bebiam pesadamente desenvolveram Alzheimer em média 4,8 anos antes. Aqueles que fumavam mais de um maço de cigarros por dia desenvolveram a doença em média 2,3 anos antes. E quem tinha a variante A4 manifestou o mal três anos antes do que os demais.
Segundo os cientistas, aqueles que tinham os três fatores desenvolveram a doença em média 8,5 anos antes do que quem não tinha nenhum deles. Os 17 pacientes que tinham a variante A4 e bebiam e fumavam pesadamente desenvolveram Alzheimer em uma idade média de 68,5 anos.
A doença se manifestou em média aos 77 anos para os 374 voluntários que não bebiam ou fumavam em excesso e que também não tinham a variante genética.
Os resultados são importantes por indicarem que se pudermos reduzir ou eliminar o fumo e a bebida em excesso poderemos adiar substancialmente o início do Alzheimer e mesmo reduzir o número de pessoas com a doença, disse Ranjan Duara, do Centro Médico Monte Sinai e um dos autores do estudo.
Projeções anteriores estimaram que um atraso de cinco anos na manifestação da doença levaria a uma redução de quase 50% no total de casos da doença. O novo estudo destaca que esses dois fatores, fumar e beber pesadamente, estão entre os mais importantes para se tentar prevenir o Alzheimer, afirmou Duara.
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