Terça-feira, 22 de outubro de 2013 - 12h32
Leandra Felipe*
Agência Brasil/EBC
Bogotá - A Bolívia quer fechar a fronteira com o Peru para evitar a fuga dos envolvidos em um ataque ao município de Apolo no sábado (19). Pelo menos quatro pessoas morreram, três militares e um civil, e 15 ficaram feridas. As vítimas foram alvo da emboscada de um grupo de produtores de coca na região e há suspeita da participação de peruanos. O anúncio foi feito hoje (22) pelo ministro de Governo da Bolívia, Carlos Romero.
Dos feridos, 14 foram atingidos por tiros. Morreram no atentado o subtenente do Exército boliviano Oscar Gironda, o policial Jhonny Quispe e o suboficial da Marinha Wily Yucra. De acordo com o governo, durante o ataque, camponeses e estrangeiros ligados ao tráfico de drogas dispararam contra os membros da Força-Tarefa Conjunta boliviana e tomaram seis reféns, que posteriormente foram resgatados.
O ministro qualificou o ataque de “massacre”. “O incidente criminoso, sangrento e violento foi provocado por pessoas vinculadas ao narcotráfico”, ressaltou o ministro durante coletiva de imprensa ontem (21). Ele também informou que o governo enviou um pedido à Embaixada do Peru, em La Paz, capital boliviana, pedindo o fechamento da fronteira comum.
Segundo o governo, no sábado, produtores de coca vinculado ao narcotráfico armaram uma emboscada e atiraram contra membros da força-tarefa boliviana, quando eles iniciavam o trabalho de arrancar plantações ilegais na comunidade de Miraflores.
Devido ao incidente, o ministro boliviano disse que o lugar do conflito será isolado e haverá um sobrevoo pela região. “Presumimos que haja peruanos envolvidos com esse grupo de produtores de coca e é preciso evitar fugas”. No pedido enviado à Embaixada do Peru, a Bolívia solicita também que a polícia peruana atue nas rodovias e demais acessos da fronteira. Do lado boliviano, o governo informou ter montado uma operação com 300 militares.
A região de Apolo, capital da província de Franz Tamaco, na fronteira Norte com o Peru, é uma zona que tem autorização do governo boliviano para cultivos lícitos de coca. Mas o governo tem conhecimento que também há comunidades que mantêm plantações para uso ilícito, destinadas à produção de cocaína.
Ele acrescentou que essa é a primeira vez que o governo entra na comunidade para erradicar plantações de coca ilegal. “É uma decisão firme na luta contra o narcotráfico. Sem dúvida o que ocorreu são os custos dessa ação.”
Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodc), o Peru é atualmente o maior produtor mundial de coca, de acordo com o relatório anual divulgado em setembro, seguido da Colômbia e da Bolívia, que ocupam a terceira posição no ranking dos cultivadores.
Nos três países houve redução de produção e o uso de estratégias para erradicação de plantações. Este ano a Bolívia teve redução de 7% na área cultivada de coca, mas de acordo com a Unodc 59% da coca cultivada é destinada à produção ilegal de cocaína.
“O fortalecimento das forças militares, as estratégias de erradicar manualmente e de usar fungicidas para matar as plantas de coca têm sido usadas por esses países e conseguido reduzir as áreas plantadas, mas a cocaína continua sendo produzida e chegando aos principais mercados”, disse o sociólogo colombiano Ricardo Vargas à Agência Brasil.
Na análise de Vargas, sem uma política rural adequada, que possa garantir meios sustentáveis aos camponeses dessas regiões, dificilmente os governos terão sucesso no combate às drogas. “Estamos adiando a discussão sobre a ilegalidade dos cultivos, ao mesmo tempo em que não são geradas alternativas realmente eficazes para dar uma opção ao campo diferente do cultivo ilegal.”
Com informações da Agência Boliviana de Informação(ABI)
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