Sexta-feira, 9 de novembro de 2007 - 11h29
Bird dá primazia a projeto de desenvolvimento na Amazônia. Financiar projetos de infra-estrutura e desenvolvimento sustentável na região amazônica são as prioridades do Banco Mundial (Bird) na América Latina na gestão de Robert Zoellick
No Brasil, os estados do Amazonas e acre estão recebendo recursos para projetos de desenvolvimento das comunidades locais. A vice-presidente do Bird para a América Latina, Pamela Cox, está hoje no acre para discutir uma linha de crédito de US$ 120 milhões para o governo estadual. Cox também irá para Manaus acompanhar um projeto semelhante com o governo do Amazonas, de US$ 30 milhões para desenvolvimento de atividades sustentáveis em comunidades locais. Ao contrário dos recursos do Projeto Piloto do Bird para a Amazônia, que existe há 15 anos, hoje são concedidos empréstimos e não doações.
Robert Zoellick sucedeu Paul Wolfowitz, derrubado por um escândalo. Ex-ministro de comércio exterior do governo Bush, está sendo bem aceito pelo staff do banco. Algumas de suas propostas implantadas foram redução de juros do crédito a países de renda média e financiamento de investimentos que ajudem a combater o aquecimento global. Os empréstimos ao Brasil tem custo 1,8 ponto percentual abaixo do custo de mercado, segundo Pamela Cox.
Nos projetos ligados à região amazônica, o Bird só investe em programas dos governos estaduais ou federal, que levem em conta a necessidade de conservação da floresta, mas também a geração de renda para os moradores da região. "Sabemos que há 23 milhões de pessoas que não podem ser ignoradas, é preciso equilibrar a conservação com atividade econômica", diz a vice-presidente.
Em infra-estrutura, o Banco Mundial não tem recursos suficientes para participar de projetos bilionários como usinas hidrelétricas. Mas está financiando investimentos em saneamento em vários municípios e recuperação de estradas estaduais na Bahia, por exemplo. O Bird já financiou no Brasil US$ 17,4 bilhões em infra-estrutura e tem hoje carteira ativa de US$ 1,97 bilhão.
Nos projetos de grande porte, o Bird atua como consultor. Está trabalhando com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para criar sistemas de avaliação do impacto ambiental e social dos projetos de infra-estrutura incluídos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). "O BNDES só no Brasil financia mais que nós e o Banco Interamericano em toda região", diz Pamela Cox. A vice-presidente do Bird conversou com o Valor num hotel próximo ao aeroporto de Guarulhos, pouco antes de viajar para Rio Branco. O Bird não pode emprestar aos estados sem garantia soberana por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas o banco está ajudando estados como Minas Gerais, Rio Janeiro e Ceará a gerenciar suas dívidas públicas. Há discussões ainda com o Rio Grande do Sul, a pedido do governo federal. "Acho que podemos ser muito úteis transmitindo experiências bem sucedidas entre os países", diz.
Até agora, os países latino-americanos estão reagindo bem à crise de crédito nos Estados Unidos. A desaceleração econômica nos EUA está afetando mais diretamente México e países centro-americanos, que dependem não apenas dos EUA para exportações, mas também recebem grande volume de remessas de imigrantes. A maior parte dos imigrantes que enviam recursos trabalham na construção civil, indústria mais duramente atingida pela crise do crédito subprime. Até agora, o contágio os preços de commodities estão se mantendo por causa da forte demanda na Ásia, mas a vice-presidente do Bird acredita que os preços ainda podem cair com o freio no crescimento americano.
Fonte: Jornal Valor Econômico - Tatiana Bautzer
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