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Bolívia assumirá controle pleno sobre petróleo e gás nesta quarta


Agência O Globo RIO, LA PAZ e CARACAS - Um ano depois de o exército boliviano ter ocupado as refinarias da Petrobras, o país andino voltou a surpreender no 1º de Maio e anunciou que o governo assumirá o controle pleno de toda a produção interna de gás natural e petróleo a partir desta quarta-feira. O presidente da estatal boliviana YPFB, Guillermo Aruquipa, anunciou em cadeia de rádio que os técnicos da empresa já se dirigiram a todos os campos produtores e instalações de armazenamento e bombeamento para marcar a "hora zero" do novo regime. Ele fez questão de ressaltar, no entanto, que trata-se apenas de um gesto simbólico e que as exportações para Brasil e Argentina não serão afetadas. - Será um corte simbólico. Em cada planta, em cada unidade de produção, existe um medidor no qual é marcado marcado um volume. Vamos zerá-lo e, a partir deste momento, vamos controlar nós mesmos todas as quantias que estão sendo produzidas e que serão exportadas - garantiu. A Petrobras disse que, por enquanto, os anúncios não alteram sua forma de atuação na Bolívia. O Dia do Trabalho também foi marcado por nacionalizações e anúncios de medidas radicais na Venezuela. Na Bolívia, não há, até o momento, uma definição sobre os possíveis indenizações que a Petrobras poderá receber por suas duas refinarias no país. Para o presidente boliviano Evo Morales, elas devem ser vendidas ao Estado pelo preço que foi pago pela Petrobras (em torno de US$ 70 milhões). Para a Petrobras, depois dos investimentos realizados, o correto é que o governo boliviano pague o preço de mercado (mais de US$ 200 milhões). As negociações sobre as possíveis indenizações e o processo de estatização das unidades da estatal brasileira se arrastam há mais de um ano ( Petrobras diz que está perto de solução). No 1º de maio de 2006, as discussões estavam em andamento, quando Morales surpreendeu o Brasil e mandou o exército ocupar as instalações da estatal brasileira. Outras medidas que poderão ser anunciadas mexem no setor de telecomunicações, transporte de combustíveis e exploração de petróleo e gás. Nesta última, seria concluída a nacionalização com a tomada do controle das empresas Andina (da British Petroleum) e Chaco (da hispano-argentina Repsol YPF). Nesta terça-feira, uma missão boliviana viajou à Roma para explicar à Telecom Italia e ao Parlamento a nacionalização da Entel. A empresa tem 50% de suas ações nas mãos da italiana. Também há expectativa na área de mineração, como a reincorporação de algumas concessões de minas à estatal do bolilviana Comibol. O partido de Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS) já afirmou na véspera do Dia do Trabalho que o governo prosseguirá com a nacionalização dos recursos naturais do país. Apesar de contar com o apoio popular, Evo Morales enfrenta greves e paralisações. Na segunda-feira, cerca de 400 sindicalistas tomaram as ruas da capital La Paz e o ministério da Saúde foi invadido. Na Venezuela, ocupações de instalações petrolíferas Na Venezuela, o feriado começou com a tomada de uma planta processadora de petróleo na Faixa do Rio Orinoco, marcando do início do processo de nacionalização decretada pelo presidente Hugo Chávez. À meia-noite, o complexo petrolífero Criogênico José, no Estado de Anzoátegui, foi ocupado por trabalhadores petroleiros que vestiam camisetas vermelhas nas quais se lia "Sim à nacionalização". Na véspera do 1º de maio, Chávez ainda anunciou três medidas de impacto. Disse que vai aumentar o salário mínimo, diminuir a jornada de trabalho e deixar o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, organizações que, de acordo com ele, servem aos interesses do Norte. O presidente venezuelano ameaçou ainda se retirar da Organização dos Estados Americanos (OEA) caso receba críticas por não renovar a licença da rede privada Radio Caracas Televisión (RCTV), que vence em 26 de maio. Em Cuba, apesar das recentes afirmações de Evo Morales de que Fidel Castro retornaria ao poder neste 1º de maio, o líder cubano não participou da Marcha pelo Dia do Trabalho. Castro não apareceu à tradicional comemoração do Dia do Trabalho, mas publicou um artigo alinhado com o discurso de Chávez contra o etanol. Um novo editorial assinado por Castro foi publicado nesta terça-feira com críticas ao uso de combustíveis elaborados a partir de alimentos, como o etanol. Não há no texto nenhuma menção a seu estado de saúde. Fidel Castro, de 80 anos, não tem sido visto em público desde 26 de julho passado, cinco dias antes de transmitir "temporariamente" o poder a seu irmão Raúl.

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