Sexta-feira, 22 de janeiro de 2010 - 08h12
Renata Giraldi
Nos últimos quatro anos, a Bolívia cresceu economicamente, em média, cerca de 4,5% ao ano. Para garantir a manutenção desse percentual com chances de elevação, o presidente Evo Morales investiu no aumento dos preços das commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional) das empresas mineradoras, fortaleceu a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) – que lida com gás e derivados - e fechou vários acordos de cooperação internacionais. Também aplicou em programas sociais.
Morales conseguiu ainda que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) perdoasse a dívida externa da Bolívia. Em 2008, o BID anunciou o perdão de US$ 1.044 bilhão.
Para o fortalecimento da YPFB, Morales aplicou aproximadamente US$ 1 bilhão, recursos das reservas internacionais. Na área social, o presidente implementou o Programa de Erradicação de Extrema Pobreza (Peep), que reúne três grandes ações baseadas no pagamento de bônus para segmentos específicos.
O Peep desenvolve ações que visam à melhoria da qualidade de vida dos aposentados, das mães que amamentam os filhos e das famílias que mantêm crianças e adolescentes nas escolas. Os pagamentos dos bônus são mensais, semestrais e anuais, dependendo de cada caso.
As ações beneficiam diretamente os indígenas e seus descendentes, que pertencem, em geral, às camadas mais pobres da população. Dados oficiais indicam que dos cerca de 9 milhões de bolivianos, pelo menos 3,6 milhões pertencem a 37 grupos étnicos indígenas. Segundo as entidades de apoio a indígenas, mais de 70% vivem na pobreza.
Em busca da melhoria da qualidade de vida dos mais pobres, meta que colocou como desafio durante sua campanha em 2005, Morales busca parceiros internacionais. Só em 2008, segundo o Banco Mundial, os acordos de cooperação internacional firmados pelo governo boliviano garantiram cerca US$ 400 milhões de investimentos na Bolívia.
Ao contrário da maioria dos países, a Bolívia não foi duramente afetada pela crise financeira mundial de 2009. Pelos estudos do Banco Mundial, o baixo acesso ao mercado financeiro internacional tornou a Bolívia pouco vulnerável à crise financeira que afetou o restante do mundo. Segundo análises do organismo, o mercado doméstico boliviano tem condições de cobrir a maior parte das necessidades privadas de crédito.
Apenas para financiar os programas do governo nas áreas de desenvolvimento humano, sustentável produtivo e de fortalecimento do Estado, o Banco Mundial destinou US$ 167 milhões para a Bolívia entre 2008 e 2009. Esse valor, porém, deveria ter um acréscimo de US$ 47 milhões nos primeiros meses deste ano para colaborar na implementação de programas sociais.
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