Quarta-feira, 11 de julho de 2007 - 22h42
Marcia Carmo
De Buenos Aires - BBCBrasil
O governo boliviano condiciona a construção das duas hidrelétricas brasileiras no rio Madeira à realização de estudos sobre o impacto ambiental na Bolívia, disse nesta quarta-feira o ministro das Relações Exteriores boliviano, David Choquehuanca.
O rio Madeira nasce no território boliviano e desce para as bacias do Amazonas em direção ao Atlântico.
"Enviaremos uma carta ao chanceler Celso Amorim mostrando nossas preocupações e pedindo uma reunião de ministros para falar sobre estas hidrelétricas, que agora tiveram sinal verde do Ibama", afirmou Choquehuanca em entrevista coletiva em La Paz.
Ao lado de Pablo Solón, espécie de conselheiro do governo do presidente Evo Morales, Choquehuanca não comentou sobre a possibilidade de construção de uma hidrelétrica binacional no lado boliviano, como disse o presidente Lula à BBC Brasil.
Solón foi ainda mais enfático que o ministro boliviano, ao afirmar: "O governo da Bolívia está preocupado com estas construções, que podem chegar a provocar enchentes no nosso território", disse. "Para a Bolívia, antes das obras é preciso que sejam feitos estudos sobre o impacto ambiental no lado boliviano."
Os dois recordaram, durante a entrevista, que o Ibama impôs 33 exigências para a construtora vencedora do leilão. "O próprio Ibama admite esses condicionamentos, o que para nós é mais um motivo de preocupação", afirmaram.
Choquehuanca afirmou que, em 2004 e 2005, as empresa Furnas Centrais Elétricas e a construtora Odebrecht "concluíram que poderia haver impacto ambiental na região".
O ministro disse que mandou a primeira carta ao chanceler Amorim em novembro de 2006, e que depois foram realizadas reuniões técnicas entre os dois governos.
"Mas nós queremos uma reunião de ministros, e o mais cedo possível", disse.
O ministro boliviano afirmou ainda que são "positivas" as relações atuais com o Brasil. No entanto, fez uma lista de ressalvas sobre os possíveis efeitos das hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau no ecossistema boliviano.
"Eu digo que estas usinas poderiam gerar inundações, afetando as áreas agrícolas, como a cultura de castanhas, gerar doenças tropicais e derrapagens no próprio rio Madeira", afirmou.
"Mas eu digo faria, aconteceria, provocaria, porque como o Brasil só fez estudo sobre o impacto ambiental no lado brasileiro, não sabemos o que poderá ocorrer aqui de verdade."
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