Terça-feira, 9 de dezembro de 2008 - 10h57
Cinco homens armados invadiram a casa de um engenheiro no final de semana. Diversas casas foram alvejadas à bala.
ALEXANDRE LIMA (*)
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BRASILÉIA, AC — Mercenários a serviço do governo da Bolívia estão agindo em território brasileiro, no Acre, para tentar capturar adversários de Evo Morales que, em setembro, com a decretação do estado de sítio no Departamento (estado) de Pando se refugiaram em terras acreanas. A cidade de Epitaciolândia (AC) foi palco no último final de semana da ação desses grupos.
Armados com pistolas e revólveres, cinco homens tentaram seqüestrar no sábado, 6, o arquiteto boliviano Júlio Villalobos, conhecido como “Julito”. Villalobos é ex-diretor do ‘Caminos’, empresa estatal de Pando responsável pela manutenção das rodovias na Bolívia.
Do lado brasileiro, casas onde vivem os bolivianos também foram alvejadas a tiros de fuzil e pistolas 44, de uso exclusivo das Forças Armadas. Os projéteis foram recolhidos hoje por policiais brasileiros. No mês passado, outras casas haviam sido atingidas. À época, o Exército Brasileiro estava de prontidão na fronteira devido ao estado de sítio em Pando e recolheu os projéteis para análise.
Júlio Villalobos passou a residir em Rio Branco, a capital do Acre, desde que passou a ser caçado pelo governo boliviano. A família dele, que morava em Cobija, a capital de Pando, também cruzou a fronteira em busca de abrigo do lado brasileiro. Na Bolívia, a família de Villalobos já havia sido molestada pelos partidários de Evo Morales. A casa deles foi invadida no mês de setembro, quando da decretação do estado de sítio na cidade.
A invasão aconteceu por volta das 22h de sábado. Villalobos tinha saído para visitar amigos. Avisou que voltaria logo. Cinco minutos após se ausentar do local, a casa dele teve a porta arrombada e, posteriormente, invadida pelos cinco homens armados à sua procura. O arquiteto foi à fronteira pegar os documentos necessários para sua estada em solo brasileiro.
Ao vasculharem a casa, os mercenários encontraram e levaram R$ 100 mil reais em dinheiro provenientes da venda da sua casa em Cobija. Villalobos usaria o dinheiro para comprar uma casa do lado brasileiro. Ele disse que não voltar a morar na Bolívia enquanto Evo Morales for o presidente. Os mercenários também levaram jóias e outros objetos de valor. Segundo o arquiteto, essa é a terceira vez que invadem sua casa.
A ação dos mercenários deixou as autoridades de segurança (o Exército e a Polícia Federal) em estado de alerta. Desde a semana passada, o Exército e a PF intensificaram a fiscalização na fronteira. Os serviços de inteligência identificaram um plano das autoridades bolivianas para seqüestrar aqueles que cruzaram a fronteira e se refugiaram no Acre. Devido a esse fato, o Exército passou a fazer sobrevôos diários na linha de fronteira do Brasil com a Bolívia.
A polícia brasileira identificou pessoas suspeitas fazendo rondas em motocicletas em várias áreas de Brasiléia e Epitaciolândia. Os locais onde foram vistos ficam próximos dos abrigos onde dezenas de bolivianos encontram-se refugiados. Depois da saída do Exército da fronteira também aumentaram os roubos de carros e motocicletas.
Outro fato que chama a atenção das autoridades brasileiras é que essas ações só ocorrem quando o ministro de Governo, Ramón Quintana, se encontra na cidade de Pando. Quintana estava nos últimos dias na cidade boliviana.
(*) É jornalista e editor do site O Alto Acre, de Brasiléia (AC).
Fonte: A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopiniao.
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