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Brasil 'perdoa' Evo e deve voltar a investir na Bolívia


Segundo ministro, país vizinho pode receber novos recursos da Petrobrás se garantir respeito aos contratos

Depois de dois anos de atritos provocados pela política boliviana de nacionalização do petróleo e do gás natural, o governo brasileiro ensaia uma reaproximação com o governo de Evo Morales. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversará ainda nesta semana com Evo. Os dois deverão acertar uma data para um encontro, em La Paz, possivelmente ainda em novembro, e abrir caminho para negociar a retomada de investimentos naquele país.

O principal interesse do governo brasileiro é de que a Petrobrás volte a investir na Bolívia, já que 50% do gás natural consumido no Brasil vem daquele país - quase 30 milhões de metros cúbicos por dia. Mas a realização de investimentos exigirá que Evo dê garantias ao governo brasileiro.

As relações entre os dois países ficaram estremecidas depois que Evo determinou a ocupação militar das instalações da estatal brasileira, aumentou os impostos para 82% e determinou a retomada de refinarias da Petrobrás. Por isso, para o governo Lula, a exigência de garantias é fator primordial para as negociações.

O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que, nas conversas entre os presidentes, será 'natural que a questão dos investimentos públicos e privados entre os dois países sejam tratadas'. Segundo ele, as negociações estão engatinhando e os presidentes tratarão de inúmeras questões bilaterais. 'O tempo ajuda a resolver os problemas', disse, ao ser questionado se não há muitas barreiras a ultrapassar.

Um dos investimentos que haviam sido suspensos era a construção de um grande complexo gasoquímico na Bolívia. Segundo um ministro do Planalto, é 'muito provável' que os investimentos da Petrobrás voltem a ocorrer, desde que sejam asseguradas garantias para a empresa brasileira. 'A retomada dos investimentos lá é uma coisa boa para o Brasil.'

O ministro interino das Minas e Energia, Nelson Hubner, foi mais direto. 'A Petrobrás já manifestou aos bolivianos a disposição de continuar investindo no país, desde que sejam garantidas, no futuro, as condições.' Ele informou que, na semana passada, reuniu-se com integrantes de uma delegação boliviana que veio ao Brasil pedir investimentos.

Hubner disse ainda que, apesar dos problemas que a Petrobrás enfrentou na Bolívia, as operações da estatal brasileira que foram mantidas em território boliviano dão retorno financeiro. 'Não tanto quanto antes, mas há um retorno.'
(Fonte: O Estado de S.Paulo/Leonardo Goy e Tânia Monteiro)

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