Domingo, 3 de setembro de 2017 - 15h36
A Coreia do Norte testou hoje (3) sua bomba atômica mais potente até o momento, um artefato termonuclear ou bomba H, que, segundo o regime, pode ser instalado em um míssil intercontinental. Se confirmado, isso representa um importante e perigoso aumento de suas capacidades militares. As informações são da agência de notícias espanhola EFE.
O sexto experimento nuclear norte-coreano e segundo supostamente realizado com um artefato termonuclear culmina um período de frenética atividade armamentista por parte do regime de Kim Jong-un, após testar mais de uma dezena de mísseis balísticos desde o começo do ano, entre eles dois intercontinentais.
Essa intensificação coincidiu com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro passado – o de hoje é o primeiro teste atômico norte-coreano sob seu mandato –, e gerou uma das piores crises de segurança na região nos últimos anos.
O novo experimento atômico ocorreu hoje (3) por volta das 12h30 (horário local, 0h30 em Brasília), quando os institutos sismológicos de Seul, Tóquio e Pequim detectaram um forte terremoto de origem aparentemente artificial devido a sua pouca profundidade e com hipocentro na província onde a Coreia do Norte realizou seu teste nuclear anterior.
Algumas horas depois, a imprensa oficial norte-coreana anunciou que o país tinha testado com "total sucesso" um artefato termonuclear que pode ser instalado em um dos seus mísseis balísticos intercontinentais (ICBM).
"O teste foi realizado com uma bomba com poder sem precedentes", disse a locutora da rede estatal KCTV Ri Chun-hee, a encarregada de dar as notícias mais importantes para o regime, acrescentando que o experimento teve "duas fases" e foi executado por ordem direta do líder Kim Jong-un.
A intensidade da detonação detectada neste domingo pelos países vizinhos e pela Organização do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBTO, na sua sigla em inglês) indica que se tratou de um ensaio muito mais potente que os cinco anteriores executados pelo regime.
A explosão teve uma potência estimada próxima a 100 quilotons, o que representa o quíntuplo do teste atômico norte-coreano anterior, de setembro do ano passado, e cerca de 11 vezes superior à detectada em janeiro do mesmo ano, quando Pyongyang afirmou ter testado outra bomba de hidrogênio, segundo Seul.
Uma análise posterior apontou que o teste de janeiro de 2016 foi de um artefato de características inferiores a um termonuclear, e desta vez Seul e Tóquio assinalaram que ainda estão analisando os dados recolhidos para determinar se tratou-se de uma bomba H.
O teste, em qualquer caso, volta a demonstrar que a Coreia do Norte não tem intenção de abandonar seu programa nuclear apesar da pressão sem precedentes da comunidade internacional e dos recentes apelos ao diálogo de Washington e Seul.
Japão e Coreia do Sul condenaram firmemente o experimento, executado na mesma semana em que um míssil balístico norte-coreano sobrevoou o arquipélago japonês e caiu no Pacífico, e assinalaram que estão em contato com Washington para convocar uma nova reunião do Conselho de Segurança (CS) da ONU e tentar isolar ainda mais Pyongyang.
Pequim, o principal aliado do regime norte-coreano, também expressou sua "condenação enérgica" e sua "firme denúncia" do novo desenvolvimento armamentístico, enquanto Moscou o qualificou de "séria ameaça para o mundo", insistindo em que todas as partes envolvidas no conflito na península coreana devem voltar ao diálogo.
O sexto teste nuclear norte-coreano ocorreu poucos dias antes de 9 de setembro, quando se comemora o aniversário da criação do país asiático e a mesma data na qual no ano passado aconteceu o seu quinto experimento atômico.
No começo deste domingo e antes de acontecer o teste, a imprensa estatal norte-coreana afirmou que o país tinha conseguido desenvolver com sucesso uma bomba de hidrogênio que foi carregada em um dos seus novos projéteis ICBM, e mostrou fotos de Kim Jong-un com o suposto artefato.
O teste, junto com os lançamentos de mísseis balísticos dos últimos meses, parece ter sido realizado para demonstrar com fatos que a Coreia do Norte é capaz de alcançar território americano com um míssil com carga nuclear, ainda que muitos especialistas duvidem que o país já domine esta tecnologia.
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