Sexta-feira, 29 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Mundo - Internacional

Crescimento econômico inverte fluxo migratório no Brasil


Akemi Nitahara
Agência Brasil

Com o crescimento econômico do Brasil nos últimos ano, é possível verificar uma mudança nos fluxos migratórios ilegais no país, que passou a receber mais pessoas traficadas do que mandar para outros países. A constatação é do chefe da Interpol no Brasil, delegado federal Luiz Eduardo Telles Pereira, que participou ontem (30) do 4º Simpósio Internacional para o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, no Tribunal Regional do Trabalho, no Rio de Janeiro.

Segundo ele, não há dados concretos sobre o problema, mas é possível verificar a mudança de acordo com a situação econômica e a geração de empregos no país. “Esse tipo de delito é intimamente ligado à situação econômica. O Brasil está crescendo, e isso gera dois efeitos: a diminuição da ida dos nossos cidadãos para o exterior - até pela crise que existe lá fora, principalmente na Europa, e que ainda não afetou o Brasil - e a atração de estrangeiros em busca de melhores condições de trabalho”.

Pereira explica que dois casos estão muito evidentes e geram problemas sociais no Brasil: os bolivianos que trabalham em confecções de São Paulo já há algum tempo e a chegada em massa de haitianos pelo Acre, desde o terremoto de 2010, que devastou o país. Segundo o delegado, muitos deles são trazidos por aliciadores, pelo Peru.

“Essa situação acaba robustecendo a necessidade de se ter uma estrutura social que ampare; você não pode simplesmente pegar essas pessoas e soltar nas ruas. Outros países, principalmente da Ásia, têm nos procurado, países que estão conflagrados, pessoas que sofrem perseguições. Então, eles buscam o Brasil na esperança de uma vida melhor. Infelizmente, nem sempre encontram, principalmente os que caem nas garras, vamos dizer assim, dessas quadrilhas de aliciadores”, acrescentou.

No painel Experiências Internacionais Exitosas e Políticas de Cooperação Internacional no Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, Pereira explicou a atuação da Interpol - instituição criada em 1923, que congrega 190 países. De acordo com ele, a atuação brasileira possibilita libertar todos os anos centenas de pessoas da condição de exploração, tanto de brasileiros no exterior como de estrangeiros no Brasil.

A magistrada de ligação na Embaixada da França, Carla Deveille Fontinha, falou sobre as diretivas da União Europeia para enfrentar o tráfico de pessoas. De acordo com ela, uma das principais dificuldades é implementar a cooperação judiciária na região, que começou a ser feita a partir do Tratado de Amsterdã, de 1997.

Ela disse que “a criminalidade é mais organizada do que nós mesmos. Muitas vezes nós precisamos que os juízes de outros países façam os pedidos de extradição, mas em alguns países a definição do crime é diferente. Desenvolver a cooperação judiciária entre os países é necessário para que a travessia da fronteira não seja garantia de impunidade para o criminoso”.

Para a adida de Segurança na Embaixada dos Estados Unidos, Cheryl Basset, o crime de tráfico de pessoas se caracteriza pela exploração, apesar de cada país ter uma definição diferente. De acordo com ela, esse tipo de investigação é a mais difícil que existe.

“É necessário ter em mente que o crime é a exploração. Todos podemos concordar que forçar alguém a participar de trabalhos, ou ser explorado sexualmente, é errado. Nos Estados Unidos, a gente ainda não chegou a uma definição perfeita de como se fazer esse combate, mas depois do 11 de setembro [de 2001, com o ataque às Torres Gêmeas, em Nova York] chegamos à conclusão de que seria necessário um centro unificado de informações. Também temos parceiros internacionais para compartilhar informações, é muito complicado. Queremos falar do tamanho do problema, mas na minha opinião, apenas uma vítima já seria muita coisa”, destacou.

De acordo com ela, é preciso integrar as forças e compartilhar informações entre as políciais, o que não ocorre muito no Brasil, com as polícias fazendo investigações separadas. “Nos Estados Unidos, nós trabalhamos em forças-tarefas; nem sempre funciona, mas é um começo. É preciso reconhecer que é difícil, mas não podemos desistir”. A esse respeito, o chefe da Interpol ressaltou que a troca de informações entre as polícias no Brasil tem melhorado, mas ainda esbarra em alguns problemas técnicos com sistemas que não são integrados.

Gente de OpiniãoSexta-feira, 29 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Marcos Rocha faz discurso firme na COP29 e desafia o mundo a agir pela Amazônia: “Quem pagará para que a floresta fique em pé?”

Marcos Rocha faz discurso firme na COP29 e desafia o mundo a agir pela Amazônia: “Quem pagará para que a floresta fique em pé?”

O Governador de Rondônia, Marcos Rocha, protagonizou um dos momentos mais marcantes da COP29, realizada no Azerbaijão, ao unir palavras e imagens qu

Biolab reforça foco em inovação em participação na CPhI, evento farmacêutico global

Biolab reforça foco em inovação em participação na CPhI, evento farmacêutico global

Ponto de encontro ideal para ações de relacionamento e prospecção de parcerias, além de atualização das tendências do mercado farmacêutico, a CPhI r

Presidente da FIERO recebe visita do embaixador da Áustria no Brasil

Presidente da FIERO recebe visita do embaixador da Áustria no Brasil

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO), Marcelo Thomé, recebeu na última quarta-feira (22), a visita do embaixador da

Gente de Opinião Sexta-feira, 29 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)