Brasília - A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (23) que irá tratar com a presidenta Cristina Kirchner todos os assuntos importantes que envolvem os dois países, o que inclui a possibilidade de venda da unidade da Petrobras no país e investimentos paralisados da Vale. Dilma viaja para a Argentina nos próximos dias 25 e 26.
“Nós teremos uma pauta bastante ampla com a Argentina. Nós temos que discutir todas as relações: comerciais, os investimentos, toda a interação entre a economia brasileira e a economia argentina. Nós iremos discutir todos os assuntos”, disse Dilma Rousseff.
Um dos temas considerados mais complicados é a paralisação dos investimentos da empresa Vale na extração de potássio em Mendoza. A empresa alega que teve de suspender o projeto porque o custo passou de US$ 6 bilhões, orçado em 2009, para US$ 12 bilhões. Com a suspensão, o governo argentino passou a exigir que a mineradora e empresas contratadas continuem pagando os salários dos funcionários dispensados.
Em entrevista publicada pela Agência Brasil no último sábado (20), o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que a diplomacia busca encaminhar os assuntos que envolvem interesses dos dois países, mas algumas decisões são tomadas a partir de considerações do setor privado.
“A suspensão das atividades da Vale foi decidida pelo conselho da empresa. Há situações em que as decisões são tomadas pelos atores privados. É o caso. Em relação à Argentina, podem surgir situações, comerciais e de investimentos, mas é um país que é parceiro estratégico. Nosso futuro está indissociável e juntos chegaremos mais longe do que separados. Não há o chamado plano B, como dizem alguns empresários. Mas isso não significa que não tenhamos de trabalhar na busca da superação das dificuldades”.
O encontro entre as presidentas Dilma Rousseff e Cristina Kirchner estava marcada para o começo de março, mas foi adiado por causa da morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no dia 5 daquele mês. Elas também discutirão temas relativos às exportações de produtos brasileiros, prejudicados por novas medidas cambiais argentinas. As novas regras atingem vários setores, especialmente o agrícola, com a suspensão de licenças automáticas e a criação de cotas de importação, e o automotivo.
* Colaborou Renata Giraldi