Quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015 - 10h02
Fonte: http://goo.gl/358NEp
(UNISINOS) A reportagem é publicada pelo jornal Correio do Brasil, 18-02-2015.
– A Europa é hoje uma das maiores vítimas das políticas neoliberais que começaram a ser aplicadas no final dos anos 70 e começaram com Ronald Reagan e Margaret Thatcher – afirmou o linguista norte-americano.
Filósofo e escritor, Chomsky sustenta que as medidas de austeridade tomadas com base no neoliberalismo, implantadas na região, “desmantelam o Estado Social e debilitam os trabalhadores para aumentar o poder dos ricos e dos privilegiados”.
– É delirante a forma como a troika toma decisões na Europa. Pode-se qualificar como delirante se forem levadas em conta as consequências humanas, mas do ponto de vista dos que definem a política não é delirante, para eles é fantástico. Estão mais ricos e poderosos que nunca, e prestes a acabar com o inimigo, que é a população em geral – assinalou o ativista político.
Para o catedrático em Linguística do no Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), prevalece hoje “um mundo sem regras no qual os poderosos fazem o que querem. E, onde, milagrosamente, tudo sai à perfeição. É interessante comprovar como Adam Smith propôs isto na famosa expressão ‘mão invisível’. Agora vemos que, quando o capital deixa de ter restrições, particularmente os mercados financeiros, tudo voa pelos ares. É com isso que se confronta hoje a Europa”.
– O capitalismo é intrinsecamente sádico; de fato, Adam Smith reconheceu que quando tem a rédea solta e fica livre de amarras externas, a sua natureza sádica manifesta-se, porque é intrinsecamente selvagem. O que é o capitalismo? Maximizar os seus benefícios à custa do resto do mundo – explicou o professor emérito.
O autor de Os guardiões da liberdade, Chomsky vê a América Latina como um exemplo de resistência diante da “invasão neoliberal”.
– Durante 500 anos, a América do Sul sofreu o domínio das potências imperiais ocidentais, a última delas, os EUA. Mas nos últimos 10 ou 15 anos começou a romper com isso – refere.
Chomsky considerou que o Syriza, liderado por Alexis Tsipiras, é um partido de esquerda “para os padrões atuais” mas que, pelo contrário, o seu programa não o é.
– É um partido antineoliberal; não exigem que os trabalhadores controlem a indústria. E isto não é uma crítica, acho que é positivo. E o mesmo ocorre com o Podemos: são partidos que se levantam contra o assalto neoliberal que estrangula e destroça os países periféricos – concluiu.
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