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Gay luta contra exoneração após 18 anos como militar nos EUA



BBC Brasil

Um condecorado tenente-coronel americano, piloto de combate da Força Aérea dos Estados Unidos há 18 anos, está lutando contra sua possível exoneração, determinada devido ao fato de ele ser homossexual.

Victor Fehrenbach foi transferido para postos fora do país cinco vezes, participou de sete grandes operações de combate, mas em maio de 2008 uma fonte denunciou às Forças Armadas que o tenente-coronel é gay.

Durante todo o tempo nas Forças Armadas, Fehrenbach obedeceu à política militar americana conhecida como don’t ask, don’t tell (“na pergunte, não conte”, em tradução livre).

“Eu segui as regras, mantive minha vida privada muito privada... até da minha família. Tudo isso chegou ao fim quando fui exposto por uma terceira pessoa”, conta o militar.

Em setembro de 2008, Fehrenbach recebeu uma carta oficial dizendo que ele seria dispensado das Forças Armadas por ser gay.

“Em abril de 2009 enfrentei um painel militar de ‘dispensa’, um tribunal de caça às bruxas moderno, que recomendou que eu fosse dispensado com honras e chegou à conclusão, sem fundamentos, de que minha continuação no serviço militar seria ‘prejudicial à boa ordem, disciplina e moral’.”

Faltam apenas dois anos para o tenente-coronel se aposentar e, se ele for dispensado, perderá o direito à aposentadoria.

Política

A política oficial don’t ask, don’t tell foi aprovada pelo Congresso em 1993 e prevê que a participação em atos homossexuais – mesmo que a pessoa envolvida não conte a ninguém – é suficiente para a dispensa das Forças Armadas.

Na época, a política foi o meio termo encontrado pelo então presidente Bill Clinton, que queria acabar com a proibição a gays no exército, e o Congresso e a cúpula militar, que temiam que o fim da proibição seria prejudicial.

Durante sua campanha eleitoral, o presidente Barack Obama prometeu acabar com esta proibição nas Forças Armadas. Fehrenbach teve a chance de encontrá-lo e pedir sua ajuda.

“Disse a ele que precisava de sua ajuda. Ele me olhou nos olhos e respondeu: ‘Vamos resolver essa questão’.”

Em seu discurso sobre o Estado da União, na semana passada, Obama voltou a tocar no assunto. “Neste ano, vou trabalhar com o Congresso e nossos militares para finalmente repelir a lei que nega aos gays americanos o direito de servir ao país que eles amam por serem quem são. É a coisa certa a ser feita”, disse ele.

Nesta semana, diante do comitê do Senado que analisa a questão, o comandante das forças armadas Almirante Mike Mullen disse que permitir aos gays servirem ao exército é “a coisa certa a se fazer”.

Segundo ele, haverá algumas dificuldades práticas, mas o exército pode se adaptar.

Depois de receber a notificação de que seria dispensado e depois da promessa de Obama de pôr fim à proibição, Fehrenbach se sentiu seguro o suficiente para procurar a imprensa e contar sua história.

O processo ainda não foi concluído e ele continua servindo seu esquadrão, fazendo o mesmo trabalho, como um homem abertamente gay, “sem nenhum impacto na boa ordem, disciplina ou moral”, diz ele.

Brasil

O debate sobre a presença de gays nas Forças Armadas também está esquentando no Brasil.

Nesta semana, o general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho disse que não considera a homossexualidade compatível com o trabalho nas Forças Armadas.

Cerqueira Filho é indicado para ocupar uma vaga no Superior Tribunal Militar, e suas declarações geraram críticas.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que a questão sobre a presença de gays nas Forças Armadas está sendo debatida pelo governo brasileiro.

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