Segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008 - 13h37
Paula Laboissière
Agência Brasil
Brasília - O fenômeno da globalização reflete em setores que vão além da economia mundial, passando, inclusive, por atividades ilícitas. A avaliação foi feita pelo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Luiz Fernando Corrêa, ao falar hoje (25) sobre o treinamento policial unificado entre países da América do Sul e África para reduzir o tráfico de drogas para o continente europeu.
A movimentação de pessoas hoje está facilitada no mundo, as barreiras e fronteiras foram minimizadas. Além de ter relações institucionais, temos que ter uma operação operacional mais íntima. Assim como fomos buscar nos países mais experientes, queremos transferir conhecimento para países que estão um passo atrás em termos de capacidade de investigação e formação de efetivos.
Corrêa reforçou que, na medida em que o país melhora suas relações comerciais e a capacidade de transporte, não só de pessoas mas também do próprio comércio legal, tais facilidades tendem a ser utilizadas pelo crime organizado.
Temos que estar atentos e nos preparar. A rota é aquela possível e favorável no momento. O que cabe é ter inteligência para detectar que determinada atividade possa ser utilizada indevidamente pelo crime.
Agentes e peritos de países africanos como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, além de nações sul-americanas como Bolívia, Chile, Colômbia, Paraguai, Peru e Uruguai começaram a ser treinados hoje (25) pela PF brasileira, em parceria com o Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crime (UNODC).
Ao todo, 350 alunos incluindo os aprovados no último concurso da PF e 32 estrangeiros foram divididos em nove turmas. O curso deve durar quatro meses e meio e tem como objetivo reduzir a rota do tráfico das drogas que saem da América do Sul rumo à Europa, passando por países do continente africano.
Corrêa explicou que os 32 estrangeiros receberão o mesmo treinamento destinado aos policiais federais brasileiros e que, após o fim do curso, o conhecimento será repassado aos seus países.
Não fica só nisso. Vamos apoiá-los, emprestar policiais mais experientes e, até mesmo, alguma atuação in loco nos seus países, para aplicar esse conhecimento, para que não fique simplesmente numa troca de cursos.
Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas, publicado pelo UNODC em 2007, os países mais citados na rota da cocaína que sai da América do Sul para a Europa e que passa pela África são Brasil, Peru e Venezuela. Dados apontam ainda que um quarto de toda a cocaína consumida na Europa chega ao continente por meio de países africanos.
Desde 2005, cerca de 33 toneladas de cocaína foram apreendidas no oeste da África. A cocaína é contrabandeada por um valor estimado em quase US$ 2 bilhões.
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