Sábado, 24 de abril de 2010 - 08h10
Agricultores da região de Yungas apostam no cultivo da erva para sobreviver, em oposição aos esforços do governo para reduzir o plantio
Javier Aliaga / Agência EFE
De toda a zona de Yungas, La Asunta tem a melhor terra. Os arbustos de coca do povoado são mais volumosos, produzem mais por hectare e também têm mais colheitas anuais em comparação com o município vizinho de Chulumani, onde as plantações tradicionais também cobrem as colinas, embora o rendimento seja menor. 'De um hectare de Chulumani, em sua melhor produção, não se colhem mais de quatro ou cinco 'taques' (como os camponeses chamam as bolsas de 22,5 quilos de folhas de coca). Em La Asunta, em um hectare, é possível colher ao redor de 25 ou 30 ‘taques’', afirma o vice-ministro de Defesa Social, Felipe Cáceres.
Ex-produtor de coca, ele é o atual responsável pela luta para a erradicação das plantações de excedentes na Bolívia, e contra o narcotráfico. Assim, Cáceres justificou a decisão de iniciar este ano a erradicação de coca na região de La Asunta.
Apesar de estar apenas a 200 quilômetros da cidade de La Paz, é preciso entre oito e dez horas para percorrer as estradas precárias que ligam a cidade à capital, caminho que fica completamente intransitável na época das chuvas. La Asunta tem uma população superior a 20 mil pessoas. Majoritariamente pobres, os cidadãos do povoado são quase todos aimaras e quíchuas, as etnias indígenas mais presentes na Bolívia, e apoiaram em peso – 95% de aprovação - a reeleição do presidente Evo Morales, em dezembro.
O governante, inclusive, pediu várias vezes a todos os habitantes de Yungas que colaborem com o Exército na destruição de uma parte de suas plantações de coca. O objetivo dos militares é erradicar dois mil hectares durante este ano como parte da luta antidroga – o que equivale a um terço dos seis mil hectares destruídos todos os anos em toda a Bolívia.
Segundo relatórios das Nações Unidas e dos Estados Unidos, existem entre 30,5 e 32 mil hectares plantados com coca no país, dos quais 20 mil estão em Yungas e o resto principalmente na zona Chapare (centro), onde Morales continua sendo o líder do sindicato dos cocaleiros. Monocultura desenfreada
Um taque pode ser vendido nos mercados de La Paz a 700, mil ou 1,2 mil bolivianos (o equivalente a R$ 175, R$ 246,75 e R$ 295,75, respectivamente), segundo a época do ano. Em março custa menos que em setembro ou outubro. Estes preços fazem com que a vida dos camponeses da La Asunta dependa quase exclusivamente da monocultura da planta.
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