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Gripe A: brasileiros que estudam na Bolívia falam sobre descaso



Estudantes brasileiros que moram em Santa Cruz de La Sierra e em Cochabamba estão apreensivos com a chegada do vírus influenza (gripe suína ou gripe A) aos estados bolivianos. Em muitas cidades, a população circula pelas ruas com máscaras para evitar a contaminação.

A determinação do governo boliviano que circula nos jornais do país informa que os cidadãos devem utilizar máscaras e luvas, principalmente, em locais com grande circulação de pessoas, como bares e restaurantes.

O jornal El Deber informou na sexta-feira, dia 19, que a gripe A começou a se expandir no país.
“Nesta sexta-feira, foram informados de três novos casos positivos, esses casos se somam aos 22 casos confirmados no território boliviano. Segundo fontes oficiais, os departamentos que apresentam pessoas infectadas são La Paz, Santa Cruz e Cochabamba”, informa o jornal.

Outros jornais dizem que departamentos que ainda não registraram casos pedem verbas para o governo boliviano para preparar um plano de contingenciamento.


Muito mais casos que o divulgado

A acadêmica de medicina Clelayne Brandão é mato-grossense e mora há pouco mais de três anos em Santa Cruz. Ela revela que os casos de gripe A podem ser mais do que informam as fontes ligadas ao governo.

“Acredita-se nisso porque aqui não há um sistema público de saúde como o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Todos os atendimentos médicos são pela rede privada e muita gente não tem dinheiro para procurar auxílio médico, eles preferem ficar em casa automedicando”, relatou.
De acordo com a lei da Bolívia há assistência médica gratuita apenas para gestantes até o nascimento do bebê e para crianças até os cinco anos.

“Aqui é tudo pago, se você se interna tem que comprar seu soro e medicamentos além de pagar a consulta e a enfermeira para manipular os medicamentos”, conta a estudante.

A mato-grossense diz que a falta de informação sobre os avanços da doença no país preocupa os familiares de brasileiros que vivem nos departamentos do país vizinho.

“Algumas famílias brasileiras estão preocupadas e buscam informações sobre seus parentes que estão aqui na Bolívia. Tem gente que inclusive já enviou dinheiro para que os filhos saíssem daqui para passar as férias no Brasil”, afirmou.

Milena Sampaio é acriana e estuda medicina há quatro anos em Santa Cruz. Ela contou que as aulas da faculdade que eram ministradas em hospitais locais foram suspensas.

Na faculdade que Clelayne Brandão cursa medicina, a situação é diferente. Segundo ela, as informações não são muito seguras.

“Para nós, estudantes, eles não dizem com medo de não irmos mais para as aulas práticas e quem assiste às aulas vai devidamente equipado com álcool em gel, máscaras e luvas para evitar a contaminação”, relatou Clelayne.

Os estudantes dizem que neste momento estão aguardando as estratégias do governo boliviano com relação à chegada da pandemia ao país para evitar que mais casos sejam registrados.

Fonte: O Alto Acre - Nayanne Santana

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