Terça-feira, 14 de agosto de 2012 - 16h04
Marcos Chagas
Agência Brasil
Brasília – A única assistência dada aos 105 haitianos acampados há 100 dias em Iñapari, município peruano que faz fronteira com o Acre, é prestada por particulares e pela Igreja Católica tanto do Brasil quanto do Peru. O relato foi feito à Agência Brasil pelo padre brasileiro Rutemarque Crispim, que confirmou a situação de total abandono dos imigrantes haitianos.
O padre Crispim disse que essas pessoas sobrevivem de doações e estão sem alimentos, água potável e dormem ao relento. Ele tem ido praticamente uma vez por semana a Iñapari para levar doações entregues por acreanos na paróquia Nossa Senhora das Dores, em Brasileia (AC).
O pároco da igreja disse que estará novamente amanhã em Iñapari para levar mais mantimentos. Em geral, segundo ele, os haitianos recebem arroz, feijão, óleo, ovos e enlatados como sardinha. No entanto, a capacidade de mobilização é limitada e não atende a todas as pessoas.
“Há quatro dias, quando estive lá pela última vez, tirei dinheiro do bolso para comprar comida, já que lá é bem mais barato que no Acre”, disse o padre. Amanhã, ele fará um relatório sobre a situação vivida pelos imigrantes para encaminhar à coordenadora da Pastoral da Mobilidade, irmã Rosita Milesi, que enviará a avaliação para conhecimento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A situação em Brasileia (AC) também começa a ficar preocupante. No início do ano, a cidade chegou a receber mais de dois mil imigrantes haitianos até o governo federal determinar o fechamento da fronteira.
O servidor da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do governo do Acre, Damião Borges, disse à Agência Brasil que só nesta semana já entraram na cidade ilegalmente 36 haitianos. “E continua a chegar mais, nós estamos ficando preocupados”, acrescentou ele. Damião é responsável pela coordenação de ajuda humanitária a essas pessoas.
Damião explicou que os haitianos mudaram a rota para entrar no Brasil. Sabendo das dificuldades enfrentadas pelos compatriotas acampados em Iñapari, o servidor público acreano explicou que os outros que chegam quase que diariamente optaram por outra trilha, pela Bolívia, até Cobija, por onde entram no Brasil pela cidade de Brasiléia.
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