Segunda-feira, 25 de novembro de 2013 - 05h01
Leandra Felipe
Agência Brasil/EBC
Bogotá – Depois das eleições gerais desse domingo (24) em Honduras, o país ainda não tem definido quem será o novo presidente. Enquanto o Supremo Tribunal Eleitoral não finaliza a apuração dos votos, tanto o candidato governista Juan Orlando Hernández, do Partido Nacional (PN), quanto a principal opositora, Xiomara Castro, do Partido Liberdade e Refundação (Libre), se declaram presidentes. O Partido Libre também declarou não reconhecer os resultados apresentados pelo tribunal.
Boletim parcial, divulgado às 23h30 no horário local (3h30 no horário brasileiro de verão), mostrava 54,47% das urnas apuradas. Juan Orlando Hernández estava à frente, com 34,14% dos votos. Em seguida aparecia Xiomara Castro, com 28,43%.
Em terceiro lugar vinha o candidato Mauricio Villeda, do Partido Liberal, com 21,03%, seguido por Salvador Nasralla, do Partido Anticorrupção (PAC), com 15,73%. O restante dos votos foi computado para os outros quatro candidatos à Presidência.
Xiomara é mulher do ex-presidente Manuel Zelaya, deposto em um golpe de Estado em 2009. Hernández é o candidato apoiado pelo atual presidente Porfírio Lobo. Ao divulgar a última parcial, o TSE admitiu ter havido “inconsistência nas informações de pelo menos 20% das atas recebidas”.
A apuração começou no início da noite de ontem (24), depois de pouco mais oito horas de votação que, segundo o tribunal, transcorreu com tranquilidade. Inicialmente, o tribunal havia informado que recebimento dos votos atrasou por problemas técnicos no envio das atas escaneadas ao sistema central de processamento.
Depois de a transmissão ter sido normalizada, por volta das 20h, o tribunal alegou problemas para consolidar os resultados devido à ação dos próprios mesários. “Cerca de 30% dos mesários estão retendo as informações e não estão transmitindo. Por isso, estamos tendo dificuldades de avançar na consolidação. Pedimos que os mesários enviem as atas e os dados”, declarou, em cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente do tribunal, David Matamoros.
Após a divulgação do boletim e do pronunciamento, os rumores sobre “fraude eleitoral” foram destaque nos meios de comunicação nacionais e internacionais que acompanham os trabalhos e entre eleitores hondurenhos, que comentavam os resultados.
Em entrevista coletiva, o ex-presidente Manuel Zelaya disse que o Partido Libre, fundado por ele em 2011, não reconhecia o resultado e pedia a recontagem dos votos. Segundo Zelaya, em todas as pesquisas Xiomara aparecia como favorita, pouco à frente do candidato do governo, Juan Hernández.
“Tínhamos pouco mais de 3,5%. Como é possível que tenhamos perdido as eleições?”, perguntou Zelaya em declaração à imprensa. Ele convocou os apoiadores do movimento para protestar e pressionar o tribunal na manhã de hoje. Pouco depois da entrevista do ex-presidente, o partido divulgou nota informando não reconhecer os resultados apresentados. "Libre não reconhece os dados divulgados pelo tribunal, já que eles tentam forjar uma tendência para favorecer a um dos candidatos", diz o comunicado.
Mesmo antes da divulgação dos primeiros boletins, Xiomara já havia se declarado presidenta, por causa de uma pesquisa de boca de urna que a apontava como vencedora. A pesquisa foi divulgada pela Rádio Globo de Honduras, conhecida por ter se posicionado contra o golpe de Estado que depôs Zelaya. “Agradeço ao povo porque, com base nas pesquisas e no que estamos vendo, sou a nova presidenta de Honduras”, disse em entrevista à TV Multiestatal Telesur.
Os maiores jornais impressos do país também divulgaram pesquisas de boca de urna favoráveis a Juan Hernández. Ele reuniu apoiadores, no comitê central de campanha, para comemorar o resultado e recebeu ligações de presidentes, entre eles do colombiano Juan Manuel Santos, que telefonou pouco depois da divulgação do primeiro boletim oficial.
O candidato Salvador Nasralla, do Partido Anticorrupção, também disse, na noite desse domingo, que não confiava nos resultados e que pediria a recontagem de 25% dos votos. Em algumas pesquisas durante a campanha, Nasralla aparecia em terceiro lugar, com 21% das intenções de voto.
Na disputa presidencial , ele e Xiomara representaram alternativa às configurações políticas hondurenhas e seu desempenho favorável nas pesquisas de intenção de voto mostravam tendência de redução da influência do bipartidarismo no país, que se alterna entre os partidos Nacional (do atual presidente) e Liberal.
Além de escolher o presidente e três vices, os mais de 5,3 milhões de eleitores foram convocados para eleger 298 prefeitos, 128 representantes no Congresso Nacional e 20 no Parlamento Centro-Americano. O voto no país é obrigatório. As eleições foram observadas por uma missão da Organização das Nações Unidas, Organização dos Estados Americanos da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
Na semana passada, a missão divulgou relatório informando que o sistema eleitoral era seguro e que não havia risco de fraudes.
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