Domingo, 24 de junho de 2012 - 10h08
Renata Giraldi
Agência Brasil
Assunção (Paraguai) – Há dois dias fora do poder, o ex-presidente do Paraguai Fernando Lugo reiterou ter sido vítima de um golpe de Estado. Ele reclamou que não houve tempo para sua defesa e que foi alvo de uma “decisão tomada de antemão”. Lugo foi julgado impedido de continuar no poder pelo Congresso na noite de sexta-feira (22). O ex-presidente participou de uma manifestação a seu favor nessa madrugada em frente à sede da TV pública paraguaia.
“Houve um golpe de Estado. Não levaram em conta o tempo. Não houve espaço nem tempo para defesa”, disse Lugo. “Qualquer cidadão tem de ter tempo para se defender. A decisão estava tomada de antemão. A pedra estava cantada.”
Lugo disse ainda que é “muito importante” a posição assumida por alguns presidentes de países vizinhos, como o Brasil, a Argentina e o Uruguai, que integram o Mercosul. A presidenta Dilma Rousseff considerou o processo de impeachment um “rito sumário” gerando ameaças à ordem democrática do Paraguai.
Em reação ao impeachment de Lugo, o Brasil convocou o embaixador brasileiro no Paraguai, Eduardo Santos, para prestar esclarecimentos em Brasília. A iniciativa é interpretada na área diplomática como um protesto. Os governos da Argentina e do Uruguai fizeram o mesmo. Há indicações de que o Chile seguirá os demais governos.
Porém, as autoridades paraguaias negam que tenha ocorrido um golpe de Estado ou uma transgressão à ordem democrática e à Constituição. A possibilidade de impeachment está na Constituição do país. Nela, não há fixação de prazos, é o Congresso que define o tempo para o processo de impedimento de autoridades processadas.
Lugo participou de uma manifestação em frente à TV pública, que começou na noite de ontem (23) e foi até a madrugada. Os simpatizantes do ex-presidente condenaram o novo governo de Federico Franco e disseram que não o aceitam como legítimo. No Paraguai, há um clima de expectativas. O futuro político do país divide opiniões nas ruas de Assunção, a capital. Muitos paraguaios confiam na equipe de Franco, mas temem pelos impactos causados pelas mudanças políticas.
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