Terça-feira, 23 de setembro de 2008 - 10h45
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os países ricos estão praticando um ''nacionalismo populista'', durante o seu discurso na abertura da Assembléia Geral da ONU, nesta terça-feira.
Os comentários do presidente foram uma menção às supostas exigências por parte dos países ricos para que as nações em desenvolvimento abram seus mercados, ao mesmo tempo em que dificultam o acesso dos emergentes aos seus próprios mercados e criam barreiras para a entrada de imigrantes de países pobres.
''Muitos dos que pregam a livre circulação de mercadorias e capitais são os mesmos que impedem a livre circulação de homens e mulheres, com argumentos nacionalistas - e até racistas - que nos fazem evocar - temerosos - tempos que pensávamos superados'', disse Lula.
O líder brasileiro voltou a lançar críticas contra os países ricos, ao falar da atual crise financeira que atinge os mercados globais.
''É inadmissível - dizia o grande economista Celso Furtado - que os lucros dos especuladores sejam sempre privatizados e suas perdas invariavelmente socializadas'', afirmou, acrescentando que o ''ônus da cobiça desenfreada de alguns não pode recair impunemente sobre os ombros de todos''.
Para Lula, ''a euforia dos especuladores transformou-se em angústia dos povos, após a sucessão de naufrágios financeiros que ameaçam a economia mundial''.
Ação da ONU
O líder brasileiro também clamou por uma ação mais efetiva da ONU para combater diferentes crises.
''Das Nações Unidas, máximo cenário multilateral, deve partir a convocação para uma resposta vigorosa às ameaças que pesam sobre nós'', afirmou.
''Mas há outras questões igualmente graves no mundo de hoje. É o caso da crise alimentar, que ameaça mais de 1 bilhão de seres humanos. Da crise energética, que se aprofunda a cada dia. Dos riscos para o comércio mundial, se não chegarmos a um acordo na Rodada de Doha. E da avassaladora degradação ambiental, que está na origem de tantas calamidades naturais, golpeando sobretudo os mais pobres.''
Ainda sobre o meio ambiente, Lula afirmou que o Brasil ''não tem fugido a suas responsabilidades. Nossa matriz energética é crescentemente limpa'', afirmando, em seguida, que ''a tentativa de associar a alta dos alimentos à difusão dos biocombustíveis não resiste à análise objetiva da realidade''.
Reforma
Como em pronunciamentos passados, o presidente também defendeu uma reforma da estrutura da ONU e lançou uma indireta contra a suposta postura unilateralista do governo americano em detrimento aos interesses da instituição.
''A força dos valores deve prevalecer sobre o valor da força. É preciso que haja instrumentos legítimos e eficazes de garantia de segurança coletiva. As Nações Unidas discutem há quinze anos a reforma do Conselho de Segurança.''
''A estrutura vigente, congelada há seis décadas, responde cada vez menos aos desafios do mundo contemporâneo. Sua representação distorcida é um obstáculo ao mundo multilateral que almejamos'', acrescentou.
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