Quinta-feira, 8 de janeiro de 2009 - 21h16
A recente ofensiva em Gaza, um pequeno estreito na Palestina, fazendo fronteira com Egito e Israel, faz parte dos territórios palestinos ocupados ilegalmente por Israel é uma das regiões mais densamente povoadas do planeta. São um milhão e quinhentas mil pessoas vivendo em 30 km², sendo 70%, de acordo com a ONU, abaixo da linha da pobreza e se alimentando somente com doações provenientes de organismos de ajuda humanitária, como Cruz Vermelha e outros, cercada por um muro de isolamento que impede a entrada e saída de pessoas, mercadorias e socorro médico. Para que compreendamos, é o equivalente a uma favela brasileira, piorada e cercada, impedindo qualquer tentativa de progresso econômico ou desenvolvimento sustentável. A região não tem portos (os pescadores da região sequer podem se afastar da costa!) e o único aeroporto está desativado. Este estrangulamento econômico-social é imposto por Israel há pelo menos 40 anos. O muro de segregação, já condenado pela Corte Internacional de Justiça, órgão da ONU, continua sendo ampliado, agravando a situação de penúria, impedindo agricultores de terem acesso às suas terras, estudantes de irem às suas aulas e trabalhadores de alcançarem seu trabalho.
A restrita área, densamente povoada, os bloqueios militares israelenses e o cerco por meio do muro de separação, impedem que as pessoas possam fugir para qualquer lugar que seja, agravando o drama em momentos de intenso bombardeio, o que desmascara a falácia das guerras cirúrgicas, capazes de poupar a população civil. Todos estes fatores convertem a região em um diminuto gueto, uma prisão a céu abertos.
Que a verdade seja dita, esta agressão, iniciada em dezembro de 2008 e que se estende até hoje, nos primórdios de janeiro de 2009, não é uma guerra. É um massacre. O Hamas (cujas letras são as inicias de Movimento de Resistência Islâmica) é um partido político que foi eleito em 2006, em um amplo processo democrático-eleitoral legal e legítimo (contando com mais de 77% de participação popular), contando com mais de 900 observadores internacionais (alguns do Brasil, enviados do Congresso Nacional e do Ministério de Relações Exteriores), assegurando a transparência e legalidade. Mas não é o tipo de democracia que pode ser aceita por Israel. A decisão é aprofundar a destruição, arrasando ainda mais a região. Apenas para ilustração, a Universidade de Gaza, foi atacada. Um centro de formação mantido pela ONU também foi atacado. Uma escola para meninas, também foi atacada. Toda a justificativa se articula em torno da acusação de terrorismo - toda s as vítimas desta ação são a priori e a posteriori considerados terroristas, qualificação que impede a diplomacia e o diálogo e desobriga Israel de ter de se explicar diante da opinião pública mundial e a adia a responsabilização dos dirigentes do país pro seus crimes contra a humanidade. Israel não ataca uma organização terrorista, embora insista nisso. O fato é que o que é atacado são estruturas político-administrativas de um governo civil, infligindo uma punição coletiva à população. É como agredir um povo por ter participado de eleições.
Os foguetes Qassam, mísseis caseiros disparados pelo Hamas contra Israel e suposta justificação para a atual ofensiva, mataram, nos últimos 8 anos, 8 pessoas. Os dados são de Norman Finkelstein, judeu-estadunidense, doutor em ciência política. O fato é que, militarmente, o Hamas não significa uma ameaça para Israel. Politicamente, seus discursos são agressivos, mas são apenas palavras. A desproporção de vítimas deixa isto muito claro. Do lado palestino são mais de 700 mortos (um terço sendo composto por crianças de até 16 anos), do israelense, 11 vítimas, sendo ao menos 4 mortos em "fogo amigo", ou seja, resultado da incompetência das forças armadas de Israel. Não é uma guerra, como afirmamos. É um massacre em um gueto.
Como John Dugard, sul-africano e relator para direitos humanos da ONU no mandato passado afirmou, Israel pratica uma forma brutal de Apartheid. Richard Falk, que agora ocupa o mesmo posto, um judeu-estadunidense, doutor em direito internacional, comparou Israel ao nazismo alemão. Yosef Lapid, judeu, israelense, ex-ministro de Justiça de Israel e sobrevivente do Holocausto afirmou certa feita que hoje os israelenses fazem o que os nazistas faziam com ele quando criança. O fato é que Israel viola todas as convenções concernentes ao direito internacional humanitário. Antes que seja tarde, é importante lembrar que Israel é uma potência ocupante, que, até o presente momento ignora 67 resoluções da ONU, desde 1948, quando, segundo Ilan Pape, outro historiador judeu-israelense, Israel promoveu uma deliberada e estratégica limpeza étnica contra o povo árabe-palestino.
Israel se cobriu de todo tipo de proteção e exploração do Holocausto, um drama da humanidade - criticar a política militarista israelense é encarado e denunciado como anti-semitismo, preconceito e não crítica acadêmica, política ou social. Isto precisa ser superado. O conflito não é religioso ou milenar - é étnico, político e econômico - iniciado com o colonialismo das terras árabes idealizado em 1897, com o I Congresso Sionista, na Suíça.
Como analistas políticos e homens livres, nos solidarizamos com todos aqueles democratas sinceros e intelectuais honestos que vem fazendo coro em toda a sociedade civil, por todo o mundo, e clamando pelo fim imediato da agressão, pelo fim da ocupação israelense e pelo apoio incondicional à construção de uma Palestina livre. Que o verdadeiro agressor, Israel, seja denunciado como tal, e que nossa voz possa romper o silêncio cúmplice dos governantes por todo o globo. Nós nos recusamos a nos calar diante do Massacre de Gaza e convidamos o povo brasileiro a repudiar mais esta ofensiva criminosa e expansionista.
Fonte: João Paulo Viana, cientista político, mestrando em Relações Internacionais pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos, Rio de Janeiro.
Vinícius Valentin Miguel, Advogado, Cientista Social e mestrando em Ciência Política pela Universidade de Glasgow, Escócia.
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