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Mudanças climáticas devem intensificar número de refugiados, dizem especialistas


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Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil

O número de refugiados em todo o mundo deverá crescer nos próximos anos, provocando novas crises humanitárias. O alerta é de especialistas, que discutiram o assunto nesta terça-feira (20), Dia Internacional dos Refugiados, no seminário Vozes do Refúgio, no Museu do Amanhã, no Rio.

Um dos motivos do crescimento dos refugiados, além de guerras e crises políticas, é o descontrole do clima provocado pelo aquecimento global, como lembrou a representante no Brasil da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Isabel Marquez.

“Pelos indicadores que temos, falando de refugiados ambientais, o aquecimento global é uma realidade que está subindo a uma velocidade incrível. Infelizmente, vamos ver muito mais deslocamentos, até em zonas que não são endêmicas em catástrofes naturais. O que vai demandar que os países estejam prontos para poder atender às necessidades dessas pessoas, que são iguais às que fogem da guerra”, disse Isabel.

Segundo ela, o deslocado refugiado ambiental está fugindo de catástrofes naturais, como terremotos, maremotos, inundações, como ocorreu com os haitianos. Também há situações que são causadas pelo homem, como explorações minerais, que obrigam comunidades inteiras a serem reassentadas.

“O número que estamos vendo agora de deslocados forçados é o maior que já se constatou na história da humanidade. São mais de 65 milhões de pessoas deslocadas, delas quase 23 milhões são refugiados, saíram de suas fronteiras. Portanto é uma crise sem precedentes”, destacou a representante da ONU.

O alerta também foi dado pelo diretor do Centro de Estudos em Direito e Política de Imigração da Fundação Casa de Ruy Barbosa, Charles Gomes, que participou do seminário. “Este problema vai crescer. As principais razões são por questões climáticas. O aquecimento global vai aumentar essa população [de refugiados]. É um problema que vai se agravando e a tendência é só aumentar. O número de deslocados ambientais só cresce, chega a ser mais do que o dobro, de um ano para o outro”, frisou.

O diagnóstico é semelhante ao do gerente de exposições do Museu do Amanhã, Leonardo Menezes. “As causas ambientais vão ser os principais motivos para os refúgios nas próximas décadas. Mudança no clima, secas, enchentes, deflorestamento, poluição e obras de infraestrutura vão ser as razões para que as pessoas percam suas casas”, disse Menezes.

Exposição fotográfica

O tema continuará sendo abordado pelo museu, que inaugura nesta quarta-feira (21) a exposição de fotos Vidas Deslocadas, que retratará a saga de 25 milhões de pessoas forçadas a se mover a cada ano, por causa de desastres naturais.

Entre os temas retratados estão a elevação do nível do mar nas Ilhas Marshall, na Oceania; a mais severa seca dos últimos 60 anos na região do Chifre da África (onde estão a Etiópia, o Quênia e a Somália); o degelo no Alasca, e o acidente radioativo de Fukushima, no Japão, em 2011.

No Brasil, os casos fotografados são o desastre de Mariana (MG), o impacto da construção da usina de Belo Monte (PA) e o desmatamento da Floresta Amazônica. A exposição ainda abordará o desaparecimento de rios e lagos, degradação do solo, crise hídrica, poluição de rios e mares, contaminação do ar, entre outros acidentes ambientais. Ela pode ser vista até o dia 10 de setembro. Detalhes sobre o acesso e tarifas de entrada podem ser obtidos na página do Museu do Amanhã na internet (www.museudoamanha.org.br).

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