Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Mundo - Internacional

Mudanças climáticas podem agravar fome no mundo


Marco Antônio Soalheiro*
 Agência Brasil


Brasília - As mudanças climáticas poderão, já nas próximas duas décadas, ter efeitos negativos profundos sobre a agricultura e o sistema de alimentação, com consequências graves especialmente para os países mais pobres. É o que aponta artigo publicado na edição da Revista Science do dia 1º deste mês.

O autor principal do estudo detalhado é David Lobell, do Instituto Woods para o Meio Ambiente, da Universidade de Stanford. No boletim eletrônico da Science , assinam o texto Molly Brown, da Agência Espacial Norte Americana (Nasa), e Christopher Funk, da Universidade da Califórnia.

"O aumento das temperaturas e o declínio das precipitações nas regiões semi-áridas vão reduzir os rendimentos do milho, trigo, arroz e outras culturas primárias. As mudanças podem ter impacto substancial na segurança alimentar global", destaca a publicação.

Eventos naturais como o aquecimento do Oceano Índico e o agravamento do fenômeno El Niño deverão, segundo os autores do estudo, reduzir as temporadas de chuva nas Américas, África e Ásia, onde comunidades já têm sofrido, desde 1990, com o aumento dos preços das commodities (produtos primários negociados em bolsas de mercadorias) e o declínio da área per capita cultivada .

Os cientistas garantem já ser possível projetar uma situação de insegurança alimentar consolidada. "Muitos fazendeiros consomem seus próprios produtos e vendem nos mercados locais. Expostos às variações climáticas, produzem menos, a renda diminui e aumentam os custos de manutenção do consumo básico. A fome em larga escala pode acontecer mesmo se houver comida nos mercados, importada de outros lugares", explicam no estudo.

Como milhões de pessoas sobrevivem com o que produzem, o estudo sustenta que "provavelmente haverá mais fome" se as mudanças climáticas reduzirem a produção e a população aumentar. Países de pequeno orçamento que tiveram a receita nacional afetada pela seca já enfrentam mais dificuldade de comprar grãos no mercado internacional.

Browm e Funk citam o exemplo da Tanzânia, onde o acesso à comida para os pobres foi reduzido em função de recentes aumentos do preço de grãos. E, ressalta a publicação, o país da África Oriental ainda teria que "competir pelo milho" com a produção de etanol e com criadores de suínos nos Estados Unidos.

Combinados com a produção reduzida, o aumento dos preços do óleo, a globalização do mercado de grãos, o aumento da demanda por biocombustíveis e o aumento do consumo per capita na Índia e na China foram citados como fatores agravantes. "Estas mudanças podem elevar o custo dos alimentos em 40% ou mais em muitas áreas de insegurança alimentar".

 * Colaboraram Luana Lourenço e Paula Laboissière

Gente de OpiniãoDomingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Marcos Rocha faz discurso firme na COP29 e desafia o mundo a agir pela Amazônia: “Quem pagará para que a floresta fique em pé?”

Marcos Rocha faz discurso firme na COP29 e desafia o mundo a agir pela Amazônia: “Quem pagará para que a floresta fique em pé?”

O Governador de Rondônia, Marcos Rocha, protagonizou um dos momentos mais marcantes da COP29, realizada no Azerbaijão, ao unir palavras e imagens qu

Biolab reforça foco em inovação em participação na CPhI, evento farmacêutico global

Biolab reforça foco em inovação em participação na CPhI, evento farmacêutico global

Ponto de encontro ideal para ações de relacionamento e prospecção de parcerias, além de atualização das tendências do mercado farmacêutico, a CPhI r

Presidente da FIERO recebe visita do embaixador da Áustria no Brasil

Presidente da FIERO recebe visita do embaixador da Áustria no Brasil

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO), Marcelo Thomé, recebeu na última quarta-feira (22), a visita do embaixador da

Gente de Opinião Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)