Quarta-feira, 15 de novembro de 2017 - 12h06
Da Agência EFE*
O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, conversou por telefone com o presidente sul-africano, Jacob Zuma, e confirmou que está "encarcerado em sua casa", mas que "está bem", informou nesta quarta-feira (15) a emissora de televisão pública da África do Sul SABC.
Em comunicado, Zuma anunciou que enviará ao Zimbábue o ministro da Defesa, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, e o titular de Segurança, Bongani Bongo, para se reunir com Mugabe e com os comandantes das Forças Armadas, após a intervenção militar que começou ontem (14) à tarde e alimentou os rumores de um possível golpe de Estado.
O mandatário sul-africano, que também é presidente da organização regional Comunidade para o Desenvolvimento da África Meridional (SADC, na sigla em inglês), reivindicou ao governo do Zimbábue e às Forças Armadas que "resolvam o impasse político de forma amistosa".
A África do Sul, que mantém estreita relação com o país vizinho, pediu também ao Exército do Zimbábue que "garanta a manutenção da paz e a segurança no país".
"O presidente Zuma pediu calma e contenção e expressou sua esperança de que os eventos no Zimbábue não desemboquem em mudanças inconstitucionais de governo, já que isso seria contrário às posições tanto da SADC quanto da União Africana", diz o comunicado.
"A SADC continuará acompanhando de perto a situação e está pronta para assistir, onde seja necessário, e resolver o impasse político", acrescenta a nota.
O Zimbábue vive hoje clima de alta tensão depois que as Forças Armadas deram um passo adiante contra o governo de Robert Mugabe.
Segundo as informações da imprensa local, os militares mantêm bloqueados os acessos a edifícios oficiais e detiveram vários ministros.
Em mensagem de madrugada na emissora de televisão pública, um porta-voz das Forças Armadas garantiu que não se trata de uma "tomada militar" do governo, mas de uma operação contra "criminosos do entorno do presidente".
A tensão no Zimbábue começou a aumentar na tarde de ontem, depois que vários tanques foram vistos se dirigindo à capital Harare, um dia depois que o chefe das Forças Armadas do país, Constantine Chiwenga, advertiu que tomaria "medidas corretivas" se continuasse o expurgo de veteranos no partido de Mugabe, de 93 anos, e no poder desde 1987.
O partido de Mugabe, a União Nacional Africana de Zimbábue-Frente Patriótica (Zanu-PF), respondeu ontem a Chiwenga, afirmando que suas palavras sugeriam uma "conduta de traição", destinada a "incitar à insurreição e ao desafio violento da ordem constitucional".
No contexto de fundo dessas acusações se encontra a destituição, na semana passada, do ex-vice-presidente Emmerson Mnangagwa, um veterano de guerra que era apontado como sucessor do presidente.
Mnangagwa fugiu para a África do Sul. Em comunicado, disse que em breve controlará as molas do poder no partido e no país.
A reação das Forças Armadas é vista como um ataque direto à facção do Zanu-PF alinhada com a esposa do presidente, Grace Mugabe, que exerceu papel determinante na saída de Mnangagwa, após meses de ataques verbais.
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