O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, se reunirá amanhã (19) com os chefes do Exército para uma segunda rodada de negociações diretas entre o chefe de Estado e os militares que o mantêm retido desde a última terça-feira (14), informou neste sábado a emissora pública ZBC. A informação é da Agência EFE.
O canal cita como fonte o sacerdote Fidelis Mukonori, amigo de Mugabe, que preside a mesa de negociação na qual os militares pretendem conseguir que o veterano presidente, de 93 anos, renuncie voluntariamente para evitar uma intervenção internacional contra um golpe de Estado.
Além de Mukonori, atuarão como mediadores o diretor interino dos serviços de inteligência, Aaron Nhepera - o anterior foi detido e, embora tenha sido liberado posteriormente, já não exerce suas funções -, e o secretário permanente do Ministério de Informação, Imprensa e Serviços de Comunicação, George Charamba.
Apesar de os militares afirmarem que houve progressos com Mugabe após a primeira rodada de negociações, a imprensa local indica que o líder se nega a deixar o poder, no qual se mantém desde 1980.
Ainda que as Forças Armadas não consigam a renúncia do presidente, amanhã poderá ser o último dia de Mugabe no cargo, já que o Comitê Central do seu partido, a União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF), se reunirá para decidir se o destitui, após as seções provinciais retirarem seu apoio ao líder.
A revolta militar começou na terça-feira, dias depois de Mugabe destituir o vice-presidente Emmerson Mnangagwa, o que foi interpretado como uma manobra da primeira-dama, Grace Mugabe, para se desfazer de seu principal rival na corrida para se transformar na sucessora de seu marido no poder.
Os analistas apontam Emmerson Mnangagwa, veterano de guerra com fortes vínculos com o Exército, como líder do governo transitório de concentração que seria formado para reconduzir o país, afetado desde 2008 por uma grave crise econômica, uma vez Mugabe tenha saído do poder.