Sábado, 21 de janeiro de 2017 - 16h00
Milhares de mulheres, muitas com gorros de lã cor de rosa, se reuniram neste sábado em Washington para exigir que o presidente Donald Trump respeite seus direitos e os das minorias.
Trens, metrôs e ônibus cheios de manifestantes - na maioria mulheres de todas as idades, mas também vários homens - chegavam com seus cartazes coloridos o que aumentou a estimativa inicial de participantes de 200 mil para 500 mil pessoas. As informações são da AFP.
Queremos enviar "uma mensagem clara ao mundo e ao nosso novo governo em seu primeiro dia no cargo de que os direitos das mulheres são direitos humanos", disseram os organizadores.
Respeito a todos
"A marcha é uma demonstração de nossa solidariedade e nossa crença de que os Estados Unidos devem ser grandes e devem respeitar todas as pessoas, de todos os credos e cores", declarou Lisa Gottschalk, uma cientista de 55 anos que viajou da Pensilvânia para protestar.
Após ouvir vários cantores e oradores, alguns famosos como o cinesta Michael Moore e a atriz Scarlett Johansson, os manifestantes marcharão pela Esplanada Nacional até perto da Casa Branca.
"Não podemos passar de uma nação de imigrantes a uma nação de ignorantes", alertou uma das primeiras oradoras, a atriz de origem hondurenha América Ferrera, em referência à promessa de Trump de deportar entre 2 e 3 milhões de imigrantes e construir um muro na fronteira com o México.
"O presidente não é a América. Seu partido não é a América. O Congresso não é a América. Nós somos a América e estamos aqui para ficar", acrescentou.
A democrata Hillary Clinton, que perdeu para a Trump a chance de ser a primeira presidente mulher dos Estados Unidos, agradeceu aos manifestantes em sua conta do Twitter.
"Obrigada por estar aí, por falar e marchar por nós, @womensmarch. Mais importante do que nunca. Realmente acho que sempre somos mais fortes juntos", tuitou.
Visão sombria
Trump assumiu na sexta-feira a presidência com um discurso inaugural com um forte tom nacionalista e populista, no qual traçou uma sombria visão do declínio dos Estados Unidos sob o governo de seu antecessor, o democrata Barack Obama.
Ele falou das escolas ruins, da pobreza crônica, do aumento dos crimes, e garantiu que vai dar fim a "esta carnificina" e que só se guiará por um princípio: "Os EUA em primeiro lugar". "Compre [um produto] americano, contrate americanos", pediu.
"Estamos aqui determinados a frear a carnificina de Trump", respondeu neste sábado Michael Moore na Marcha das Mulheres.
Determinado a desfazer o legado de seu antecessor, o primeiro decreto de Trump, na noite de sexta-feira, foi limitar o custo econômico da cobertura de saúde conhecida como Obamacare, uma reforma emblemática da era Obama.
O presidente visitará neste sábado a sede da CIA, um gesto carregado de simbolismo após suas fortes críticas às agências de inteligência americanas, anunciou seu porta-voz, Sean Spicer.
Também houve protestos anti-Trump na sexta-feira, durante a posse. Em alguns deles foram registrados choques violentos entre manifestantes e vandalismo, com mais de 215 detentos.
Um gorro rosa para pedir mais respeito
Milhares de manifestantes vestem gorros de lã cor de rosa com orelhas de gato, que se tornaram símbolo do desafio ao novo governo.
Os gorros, ou "pussy hats", como são chamados em inglês, têm um trocadilho, porque a palavra em inglês "pussy" tanto pode significar gatinho quanto a forma pejorativa de se referir ao órgão sexual feminino.
A palavra faz referência direta a um áudio de 2005 vazado durante a campanha eleitoral em que Trump, conhecido por sua retórica controversa e divisionista, afirma que "quando você é uma estrela, [as mulheres] deixam você fazer o que quiser. Pode agarrá-las pela 'pussy'".
Trump ofendeu as mulheres em numerosas ocasiões - incluindo uma ex-miss Venezuela por seu sobrepeso - julgando-a por sua aparência. Foi acusado por várias mulheres de assédio e de ter tido um comportamento inapropriado.
A marcha é apoiada oficialmente pela Anistia Internacional e pela Planned Parenthood, a maior rede de planejamento familiar do país, da qual os republicanos do Congresso querem tirar o financiamento.
Também estavam presentes representantes do movimento Black Lives Matter, uma associação especializada na denúncia de abusos policiais contra os negros.
Trezentas e setenta "marchas irmãs" ocorrem em outras grandes cidades do país, assim como no exterior.
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