Segunda-feira, 19 de outubro de 2015 - 11h05
A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (19), na Suécia, que não acredita em um “processo de ruptura institucional” no Brasil ao ser perguntada sobre um possível processo de impeachment contra ela e as consequências da instabilidade política do país para a compra dos aviões militares suecos pela Força Aérea Brasileira (FAB).
“Quanto às questões políticas, te asseguro que o Brasil está em busca de estabilidade política e não acreditamos que haja qualquer processo de ruptura institucional. Somos uma democracia e temos tanto um Legislativo como também um Judiciário e um Executivo independentes e que funcionam com autonomia, mas também com harmonia. Não acreditamos que haja nenhum risco de crise mais acentuado”, respondeu a presidenta em declaração à imprensa ao lado do primeiro-ministro sueco, Stefan Löfven. Dilma está na Suécia em visita oficial para ampliar parcerias comerciais e em outras áreas.
Na avaliação de Dilma, as dificuldades econômicas que o Brasil atravessa também não representam entraves para o negócio entre a FAB e a empresa sueca Saab, que fabrica os aviões Gripen. A presidenta lembrou que a Europa e os Estados Unidos passaram por uma crise econômica profunda em 2008 e 2009 e nem por isso contratos foram quebrados na época. “Houve um processo de recuperação e todos os contratos existentes foram mantidos. Não vejo nenhuma razão para que isso não ocorra com o Brasil, que tem uma economia estruturalmente sólida”, comparou.
Segundo a presidenta, o Brasil não tem “bolhas de crédito” nem “problemas monetários” que levem o país a um aprofundamento das dificuldades. “Acredito que a crise do Brasil é uma crise conjuntural e está sendo enfrentada”.
Estado Islâmico
Na entrevista, ao responder a uma pergunta sobre a situação da Síria, Dilma criticou a intervenção militar russa na região e defendeu uma saída diplomática para o conflito, mas sem nenhuma hipótese de diálogo com o Estado Islâmico e outros grupos terroristas. Desde o fim de setembro, a Rússia iniciou uma ofensiva militar na Síria, sob a justificativa de combater o Estado Islâmico. A ação russa é criticada pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
“Não acreditamos que é uma simples questão de invadir e bombardear um país e aí tudo estará resolvido. Este é o problema hoje que cerca a intervenção russa. A intervenção russa tem sua explicação baseada no fato de que é uma proteção contra o grupo Estado Islâmico e outros grupos. Eu não acredito numa solução militar do conflito sírio, não tenho condição de acreditar nisso”, disse.
Segundo Dilma, “não basta só chegar e jogar bombas na Síria”. A presidenta sugeriu que as grandes potências busquem uma solução diplomática para o conflito na região antes de decidirem atuar militarmente no país e com ações unilaterais. No entanto, para a presidenta, o diálogo não pode incluir grupos como Estado Islâmico.
“Não tem conversa com Estado Islâmico. Dentro da Síria não é só o Estado Islâmico, você tem grandes potências, é justamente essa a discussão, que não necessariamente é através de bomba que você resolve o problema, mas é sentando para negociar todos os que estão presentes. O Estado Islâmico não participa de uma mesa de negociação. Sabe por que não participa? Porque ele tem outro tipo de política, ele corta gargantas", disse a presidenta.
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