Domingo, 27 de maio de 2012 - 08h52
BBC Brasil
Agência Brasil, Brasília - O líder da missão de observadores das Nações Unidas na Síria, general Robert Mood, confirmou ontem (26) que mais de 90 pessoas foram mortas na cidade de Houla, na província de Homs.
O general Mood disse à BBC que uma de suas equipes de monitoramento contou os corpos de 32 crianças com idades abaixo de 10 anos entre os mortos. Ele afirmou que as mortes foram "indiscriminadas e imperdoáveis" e disse que quem quer que seja o autor deverá ser responsabilizado.
O ataque de ontem (25) é considerado um dos mais sangrentos desde o início da revolta contra o governo do presidente sírio, Bashar Al Assad, em março do ano passado.
As mortes provocaram reações de diversos países. O ministro de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, disse que irá buscar uma forte resposta internacional a esse "crime espantoso" e pedir uma sessão urgente do Conselho de Segurança da ONU nos próximos dias.
A França e a Liga Árabe também condenaram o massacre. O ministro do Exterior da França, Laurent Fabius, disse que está tomando providências para a realização em Paris de uma reunião dos Amigos da Síria.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o enviado especial à Síria, Kofi Annan, emitiram uma declaração conjunta na qual condenam as mortes em Houla como uma flagrante violação da lei internacional e exigem que o governo sírio interrompa imediatamente o uso de armas pesadas em áreas populosas.
Imagens do ataque em Houla circularam ontem. Um vídeo, cuja autenticidade não pode ser confirmada – já que a imprensa estrangeira tem sua atuação restrita na Síria –, mostra dezenas de crianças cobertas de sangue.
Ativistas de oposição dizem que algumas das vítimas morreram em bombardeios e outras foram sumariamente executadas por milícias ligadas ao governo. Segundo os ativistas, mais 20 pessoas foram mortas em confrontos em outras partes da Síria, depois que milhares de manifestantes tomaram as ruas após as orações de ontem.
As autoridades sírias creditam os ataques a "gangues de terroristas armados". Após o massacre, ativistas pediram um dia de luto pelas vítimas neste sábado e fizeram um apelo para que a ONU atue com mais força para proteger civis.
Os confrontos na Síria continuam apesar da presença de cerca de 250 observadores da ONU, que estão no país para monitorar um cessar-fogo negociado pelo enviado especial Kofi Annan. A ONU calcula que pelo menos 10 mil pessoas já morreram no país desde o início da revolta contra Assad.
Em carta ao Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU disse que a situação na Síria continua "extremamente séria" e que a oposição controla "partes significativas de algumas cidades".
Ban Ki-moon afirmou ainda que "grupos terroristas" poderiam estar por trás de alguns dos ataques à bomba feitos no país, devido ao nível de sofisticação das ações.
O secretário-geral admitiu que os esforços da ONU para pôr fim ao conflito tinham obtido apenas "um modesto progresso", pois a Síria "não cessou ou reduziu o uso de armamentos pesados em diversas áreas", uma das exigências do plano de paz proposto por Kofi Annan.
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