Domingo, 1 de junho de 2008 - 11h11
Priscilla Mazenotti
Roma - A dois dias de participar da Conferência da FAO, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, em Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a rebater as críticas de que os biocombustíveis poderiam resultar em maior desmatamento e destruição da Floresta Amazônica.
Numa resposta dura aos países desenvolvidos que alegam que parte das matas brasileiras poderia se transformar em plantações de cana-de-açúcar para produção de etanol, Lula afirmou que nenhum país do mundo "tem autoridade moral e política" para falar de preservação ambiental e etanol com o Brasil.
"A União Européia só tem 0,3% de sua mata original. Então, quando for falar do Brasil, olhe primeiro no seu mapa", disse o presidente em entrevista coletiva na embaixada brasileira em Roma. "O que não pode é a gente se curvar diante das críticas", acrescentou.
Lula fará um discurso na primeira plenária da conferência na terça-feira, quando fará uma defesa dos biocombustíveis e do etanol. A idéia, segundo Lula, é fazer com que esse tipo de combustível possa se transformar em geração de emprego e renda para países da África, América Latina e Caribe.
Em meio à crise dos preços dos alimentos no mundo, Lula responsabilizou o preço do petróleo, que disparou nos últimos anos, pela crise e afirmou que países desenvolvidos não querem discutir o problema.
"Estranhamente, as pessoas não discutem o preço do petróleo. Você não ouve no debate a incidência do custo no petróleo no transporte de alimentos no mundo inteiro, no custo do petróleo na produção de fertilizantes. Esse debate não é feito pelo chamado mundo desenvolvido", rebateu.
Ele disse que a partir de agora,o assunto será tema recorrente em suas reuniões e visitas. Em novembro, o Brasil convocará um seminário com especialistas, governantes e organizações não-governamentais (ONGs) para discutir a adoção de formas alternativas de combustível. "Chamaremos todos os especialistas que existem no mundo para discutir quais as alternativas concretas que queremos adotar como nova matriz na área de combustíveis".
Na Conferência da FAO, Lula disse que não adotará uma posição "absolutista". "Me curvarei no momento em que alguém disser que tem um combustível que não vai ocupar um milímetro de terra, que é menos poluente. A verdade nua e crua é que o Brasil apresentou a única alternativa consistente no mundo. Ainda", acrescentou.
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